terça-feira, 10 de abril de 2012

Adorável Mundo Novo!!!

Por: Edmar Oliveira, 70 anos

Sempre tive vontade de escrever um livro. Passar minhas emoções através de um personagem. Fazer dele o meu interlocutor. Esconder minha timidez em algo que fosse belo, forte e envolvente.

Antes disso, fiz algumas tentativas na arte da poesia. Um desastre! Não entendia nada de métrica, verso de pé quebrado, e por aí afora. Sempre achei que o poeta, simplesmente, materializava no papel, suas emoções e nada mais. Técnica? Pra que isso? Não era o coração quem escrevia? Então, mãos á obra! Caro leitor. A tragédia maior estava por vir. A tal da rima! Por mais que eu me esforçasse, não conseguia rimar. Lua só lembrava rua e coração, emoção. Até que fazer rima com “ão” não era tão difícil, mas, convenhamos de uma pobreza gritante!

Encerrei o ciclo poético e aposentei temporariamente o sonho do livro. Escrever sobre o que? Como passar para alguém algo que não soasse como uma mentira? O que já não foi dito sobre o ser humano? Criar um conto policial? Eu não tinha a menor inspiração para clone de Don Corleone. Um romance com lances de muito choro? Confesso que não me sentia à vontade para fazer isso.
Pensei. A comedia talvez fosse mais fácil. Afinal, o que tem de programas humorísticos na televisão é uma glória! Esse pessoal apresenta a maioria deles semanalmente. Devem dormir criando situações para o dia seguinte. Só havia um problema: lá, eles contam com o poder da imagem. Se a piada ou o texto é fraco, geralmente, o artista usa todo o seu gestual para compensar. O meu sonho de escritor ficava cada vez mais distante. Passei a me ocupar de outras coisas. Fui jogar bingo e tranca no clube. Gastei mais horas do meu lazer assistindo jogos de futebol do meu time do coração. Coloquei no meu roteiro, caminhadas pelas alamedas do campus de uma bela Universidade aqui da minha cidade. Ocupei-me.

Tempos depois, ainda sonhando com o projeto literário, senti a necessidade de comprar um computador e comecei a me preparar para isso. Colhi informações de amigos, explicações dos vendedores e me decidi por tal de Pentium número não sei das quantas. Diziam: “Tem que ter uma grande memória RAM um monte de gigabytes de HD, imaginação e transpiração do usuário!” Depois, será só alegria! Ah! Não se esquecer de um detalhe importante: entrar numa escola de informática. Na escola não entrei, porque quando lá cheguei o aluno mais velho, tinha por volta de doze anos. O que um senhor de terceira idade estaria querendo ali? Seguramente, levar um “baile” daqueles pestinhas e ficar de castigo por não conseguir acompanhar os mini-gênios.

Não desanimei. Seguindo os conselhos dos meus filhos, passei a “fuçar” (nomenclatura que a turminha usa) e fui progredindo. Aqui entre nós, algumas vezes quando tinha dificuldades, até interurbano para um sobrinho que mora em outra região, eu fiz.

Eu queria mais! Queria vivenciar ao máximo o mundo do Bill Gates. Ouvia dos meus amigos comentários entusiasmados sobre a Internet. O que ela proporcionava de maravilhoso no mundo da informação e do entretenimento. Tinha um pequeno senão: os tais “sites” impróprios para menores. Bem, pensei: os meus filhos já cresceram... Duas estão casadas e o caçula noivo. Eu sou maior de idade, logo, não são proibidos para mim. Talvez sejam até estimulantes. Assinei com um provedor e passei a experimentação do novo brinquedo. No início, mergulhei nas pesquisas de um modo geral. Adorava ler as notícias do dia seguinte. Visitava algumas vezes (lembram?) aqueles sites porque precisava saber como eram, para poder criticar. Não é mesmo caro leitor?

Mas a emoção maior estava por vir. Nunca havia entrado numa sala de bate-papo. Achava pelos comentários, que se tratava apenas de um meio das pessoas marcarem encontros. E que só “teens” navegavam nas mesmas. Achava que elas padeciam de falta de imaginação, mas, a exemplo dos tais sites, eu precisava experimentar para poder criticar.

Foi simplesmente fascinante! Primeiro que para acessar essas salas, era necessário criar um “Nick name” (apelido) preferencialmente, charmoso e chique. Podia ser também o próprio nome, mas não tinha a menor graça. Imagine: o Carlos a Maria e o Antônio. Olhosverdes, AnaMaria e Dartagnan, não ficavam melhores?”.
Comecei timidamente minha incursão nesse mundo. Algumas vezes, engraçado, outras vezes, triste. À medida que eu me aprofundava no conhecimento das pessoas, dos novos amigos virtuais que fiz, voltou à vontade de escrever uma estória romântica sobre dois personagens virtuais em conflito com a vida. Douradinha e O Jardineiro. Durante muito tempo trocaram confidências, riram, choraram, mas, nunca se encontraram. O tempo se encarregou de limpar da memória esse bem querer.

Sr.Edmar Oliveira – Hóspede Bonsai

3 comentários:

  1. Seu Edmar, que ARRASOOOOO!!!!!!!!!!! Sabia que o senhor era super atualizado e antenado neste mundo doido da internet... mas não podia imaginar que além de tudo escreve desse jeito tão delicioso de se ler.... AMEEEIIII... e fiquei com vontade de mais!!! Com certeza é um escritor de primeirissima mão.... e ainda bem que nunca desistiu deste sonho... um talento deste não pode apagar ein???.... Vamos lá ein?? Quero acompanhar as próximas crônicas!!! Um beijo!!! Carol (FONO - BONSAI)

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  2. Parabéns cunhado, até que fim, voce resolveu seguir meu conselho e começar a publicar suas idéias, eu já havia estimulado voce a fazer isso há vários anos. Fiquei encantada e emocionada com seu texto, e, agora mãos a obra, quero ver o próximo num livro, e de preferência,publicado e exibido nas novelas da rede Globo.
    Bjos.Mercedes

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  3. Querido tio, o amor e a admiração que sempre senti por você, me deixa numa posição suspeita para tecer qualquer tipo de elogio. Mais com certeza deixou a todos com o gosto do "quero mais". O bom velhinho (guerreiro da terceira idade, rsrsrsrs) novamente nos surpreende, com um texto tão aprazível, espero que comece a produzir mais crônicas como esta, sem deixar as caminhadas, e é lógico de ver nosso time do coração.
    Um grande beijo
    Junior

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