domingo, 29 de abril de 2012

Cartão de Crédito

Por Edmar Oliveira, 70 anos, hóspede da Casa Bonsai

Há certos dias que o melhor seria não sair de casa, principalmente, perto do carnaval, quando as bruxas estão soltas a procura de uma escola de samba para desfilar.

Com essa introdução parece que vou relatar uma tragédia. Não é bem assim:

Na última quinta feira, levantei-me, tomei meu cafezinho esperto e elaborei a agenda do dia. Falando em agenda, esse hábito é uma herança dos meus tempos de funcionário movido a stress. Agora, nessa doce vagabundagem de aposentado milionário do INSS a procura do que fazer, fico elaborando roteiros. 

Coloquei como primeira atividade, ir a cidade procurar num “sebo” uma revista antiga sobre plantas baixas de casas.

Chegando a cidade, informei-me sobre o tal “sebo”.

Com o endereço na mão, arribei para o tal “sebo”. Desisti no meio do caminho. Ao atravessar uma rua de mão única, preferencial, parei na calçada e olhei se vinha algum carro. Quando dei o primeiro passo, um distraído que estava estacionado, deu ré. Só ouvi alguém gritando: Oia! Oia! OOOOO! Senti de leve o roçar de um pára-choque na minha perna e, lógico, o motorista parou e pediu desculpas. Balbuciei qualquer coisa e lembrando das bruxas carnavalescas, resolvi tomar o ônibus de volta e refazer a tal agenda .

Chegando em casa lembrei-me que não tinha nada para  jantar. Fui até a padaria comprei um belo sanduíche frio e duas águas tônicas. Por recomendação médica estou suprimindo o açúcar e também não é só isso. Sou tarado por água tônica. Paguei tudo com cartão de débito automático.

Voltando, estava escuro e, ao tentar acender a luz do corredor, meu cartão caiu do bolso. (Por preguiça, não havia guardado na carteira). Sei lá que tipo de movimento eu fiz. Catei o dito cujo e botei no bolso da bermuda. No bolso? Vejamos:

No dia seguinte, arrumando a bagunça do dia anterior fui guardar o cartão na carteira. Cadê? Quem me conhece sabe dos meus dotes de “procurador”. Olha aqui, olha ali e nada! Passou pela minha cabeça um pensamento nada higiênico: “Nossa! Devo ter colocado o cartão no saco de compras e o pior, já joguei o lixo fora!”

Dá para imaginar a cena. A tremenda vergonha de explicar aos condôminos que foram chegando o que havia acontecido. Moral da estória: o saco de lixo foi remexido e nada. Dava para ver nos rostos de todos a mesma frustração que eu estava sentindo. Aí vieram os comentários:

Do porteiro do prédio:
-Sr Edmar, liga pro banco e cancela!
Pareceu-me que ele estava me chamando de burro.

Da dona do cachorrinho fera:
-Vou fazer uma oração para São Longuinho, para o senhor encontrar.

Agradeci mas, sinceramente, nunca tinha ouvido falar no tal santo. Voltei ao meu apartamento mais aliviado e disposto a não levar baile de um cartão fujão. Pensei: esse filho da p.... está querendo me enganar! Ou será que as tais bruxas... Refiz o percurso do dia anterior, voltei a máquina de lavar onde a roupa suja estava pronta para ser lavada e “examinei” novamente os bolsos da bermuda, agora, com mais cuidado. Achei!!!! Ele estava no bolso esquerdo! Preciso dizer o que pensei de mim? Tive que mentir pra devota do São longuinho, dizendo que achei nas dobras do sofá, e ouvir: “graças meu São longuinho”. O porteiro interfonou e também perguntou se eu havia encontrado. Menti de novo. O saldo de tudo isso, foi um banho quentinho fora de hora e a sensação de que se nunca fui, mas agora com certeza, me tornando um manezão ...


Um comentário:

  1. Rsrsrsrssr.... demorei mas cheguei para ler as novas crônicas.... essa foi Piada ein?!!! Oia Oia OOOOO.... e devo dizer a famosa frase q todos dizem mas q tem um sentido bem estranho: "Só ia encontrar mesmo no último lugar q fosse procurar!" rsrsrsrs logico depois q eu achei não procuro mais, não é? rsrsrsr Muito Boa Seu Edmar!!! Um Bjooo!!!

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