segunda-feira, 30 de abril de 2012

Entenda a Gripe e por que deve-se tomar a vacina

O que é a gripe?
A gripe é uma infecção respiratória causada pelo vírus Influenza. Ela o corre com maior frequência no final do outono, inverno e início da primavera. É uma doença altamente contagiosa, ou seja, de fácil transmissão de uma pessoa para a outra. Quando uma pessoa gripada espirra, tosse ou fala, gotículas com o vírus ficam dispersas no ar por um tempo suficiente para serem inaladas por outra pessoa.
A gripe diminui a resistência do organismo a outras infecções, facilitando a instalação de bactérias que causam pneumonias, otites, sinusites, amigdalites e outras doenças.

Quais são os sintomas da gripe?
As manifestações da gripe têm início súbito com febre, que pode ser alta; calafrios, dor de cabeça e dor no corpo, mal estar, tosse, congestão nasal, irritação na garganta e fraqueza. Estes sintomas aparecem entre 1 e 7 dias após a infecção (período de incubação médio de 2 dias) e costumam ser mais acentuados nos primeiros três dias.

Qual a diferença entre gripe e resfriado?
O resfriado pode ser causado por diversos vírus (rinovírus, adenovírus, parainfluenza entre outros) e geralmente tem sintomas mais amenos que os de um quadro gripal. O resfriado geralmente provoca coriza intensa, dor de garganta leve e, às vezes, febre baixa. Mas pode não vir acompanhado por febre.

A gripe é uma doença perigosa?
De 10 a 20% da população mundial é infectada pelo vírus influenza todos os anos, resultando em mais de 3 milhões de casos graves e em 500 mil mortes, implicando assim em um grave perigo para a população.

Como é possível prevenir a gripe?
A forma mais eficiente de prevenção é a vacina. Os medicamentos usados na gripe, como analgésicos e antitérmicos, apenas amenizam os sintomas. Não existem medicamentos eficazes para tratar o vírus até o momento.
Os antibióticos, somente tratam as complicações da gripe que são causadas por infecções bacterianas. Ou seja, todos estes medicamentos não agem sobre o vírus da gripe.

Quem deve tomar a vacina?
- Pessoas expostas a contatos freqüentes com outras pessoas (trabalhadores em geral, estudantes, profissionais da saúde, militares, pessoas institucionalizadas);
- Crianças e adultos com problemas respiratórios repetitivos;
- Idosos e pessoas debilitadas (pessoas com mais de 60 anos, doentes crônicos, imunodeprimidos).

Diabéticos, cardiopatas, pessoas com problemas pulmonares como asma ou bronquite, pessoas com câncer ou com pressão alta podem ser vacinadas contra a gripe?
Estas são as que mais se beneficiariam da vacina para evitar que a gripe leve a complicações. Já está comprovado que a gripe pode agravar o quadro clínico desses pacientes, podendo levar inclusive à hospitalização e morte.

Quais são os efeitos colaterais que posso sentir após ter sido vacinado?
Geralmente os efeitos colaterais, quando aparecem, são leves e sem gravidade. Pode surgir febre baixa, mal estar, dor no corpo e dor no local da aplicação. Estes sintomas tendem a desaparecer em 24 a 48 horas.

Quando a vacina está contra-indicada?
Ela é contra-indicada para pessoas alérgicas às proteínas do ovo de galinha (podendo causar reação anafilática, que é uma reação alérgica grave que pode ser fatal) e em pessoas hipersensíveis aos componentes da vacina (vírus Influenza, neomicina, gentamicina, tiomersal ou timerosal).

A vacina da gripe pode ser administrada junto com outras vacinas?
Sim, pode ser aplicada no mesmo dia de outras vacinas, basta que sejam aplicadas em partes diferentes do corpo.

A vacina contra Influenza evita a pneumonia asiática (SARS)?
Não, mas a Organização Mundial de Saúde vem recomendando a vacinação contra influenza, afim de evitar, possíveis erros no diagnóstico, já que os sintomas no início são muito parecidos.

Por que devo me vacinar anualmente?
O vírus Influenza, causador da gripe, é mutante, o que torna necessária a atualização da vacina todos os anos. Além disso, a proteção induzida diminui com o passar do tempo, sendo recomendada uma nova vacinação a cada ano.

Quanto tempo leva para se estar protegido após a vacinação?
Após a vacinação, leva-se em média 10 a 14 dias para estar protegido, por isto, caso haja manifestação de alguns sintomas característicos da gripe alguns dias após a vacinação, isto pode significar que o vírus já se encontrava incubado ou que estes sintomas foram ocasionados por outro tipo de vírus.

Onde a vacina é aplicada?
As doses devem ser administradas no músculo (via intramuscular) ou logo abaixo da pele (via subcutânea). Não deve ser administrada, sob nenhuma circustância, dentro das veias (via intravenosa).


domingo, 29 de abril de 2012

Cartão de Crédito

Por Edmar Oliveira, 70 anos, hóspede da Casa Bonsai

Há certos dias que o melhor seria não sair de casa, principalmente, perto do carnaval, quando as bruxas estão soltas a procura de uma escola de samba para desfilar.

Com essa introdução parece que vou relatar uma tragédia. Não é bem assim:

Na última quinta feira, levantei-me, tomei meu cafezinho esperto e elaborei a agenda do dia. Falando em agenda, esse hábito é uma herança dos meus tempos de funcionário movido a stress. Agora, nessa doce vagabundagem de aposentado milionário do INSS a procura do que fazer, fico elaborando roteiros. 

Coloquei como primeira atividade, ir a cidade procurar num “sebo” uma revista antiga sobre plantas baixas de casas.

Chegando a cidade, informei-me sobre o tal “sebo”.

Com o endereço na mão, arribei para o tal “sebo”. Desisti no meio do caminho. Ao atravessar uma rua de mão única, preferencial, parei na calçada e olhei se vinha algum carro. Quando dei o primeiro passo, um distraído que estava estacionado, deu ré. Só ouvi alguém gritando: Oia! Oia! OOOOO! Senti de leve o roçar de um pára-choque na minha perna e, lógico, o motorista parou e pediu desculpas. Balbuciei qualquer coisa e lembrando das bruxas carnavalescas, resolvi tomar o ônibus de volta e refazer a tal agenda .

Chegando em casa lembrei-me que não tinha nada para  jantar. Fui até a padaria comprei um belo sanduíche frio e duas águas tônicas. Por recomendação médica estou suprimindo o açúcar e também não é só isso. Sou tarado por água tônica. Paguei tudo com cartão de débito automático.

Voltando, estava escuro e, ao tentar acender a luz do corredor, meu cartão caiu do bolso. (Por preguiça, não havia guardado na carteira). Sei lá que tipo de movimento eu fiz. Catei o dito cujo e botei no bolso da bermuda. No bolso? Vejamos:

No dia seguinte, arrumando a bagunça do dia anterior fui guardar o cartão na carteira. Cadê? Quem me conhece sabe dos meus dotes de “procurador”. Olha aqui, olha ali e nada! Passou pela minha cabeça um pensamento nada higiênico: “Nossa! Devo ter colocado o cartão no saco de compras e o pior, já joguei o lixo fora!”

Dá para imaginar a cena. A tremenda vergonha de explicar aos condôminos que foram chegando o que havia acontecido. Moral da estória: o saco de lixo foi remexido e nada. Dava para ver nos rostos de todos a mesma frustração que eu estava sentindo. Aí vieram os comentários:

Do porteiro do prédio:
-Sr Edmar, liga pro banco e cancela!
Pareceu-me que ele estava me chamando de burro.

Da dona do cachorrinho fera:
-Vou fazer uma oração para São Longuinho, para o senhor encontrar.

Agradeci mas, sinceramente, nunca tinha ouvido falar no tal santo. Voltei ao meu apartamento mais aliviado e disposto a não levar baile de um cartão fujão. Pensei: esse filho da p.... está querendo me enganar! Ou será que as tais bruxas... Refiz o percurso do dia anterior, voltei a máquina de lavar onde a roupa suja estava pronta para ser lavada e “examinei” novamente os bolsos da bermuda, agora, com mais cuidado. Achei!!!! Ele estava no bolso esquerdo! Preciso dizer o que pensei de mim? Tive que mentir pra devota do São longuinho, dizendo que achei nas dobras do sofá, e ouvir: “graças meu São longuinho”. O porteiro interfonou e também perguntou se eu havia encontrado. Menti de novo. O saldo de tudo isso, foi um banho quentinho fora de hora e a sensação de que se nunca fui, mas agora com certeza, me tornando um manezão ...


O Ninho


Mais uma crônica do nosso Ilustríssimo hóspede Edmar Oliveira.

Na nossa vida, acontecem fatos curiosos, interessantes e prazerosos. Alguns nos põem a pensar na maravilha que é a grandeza da criação de Deus e a semelhança entre os homens e os demais seres.

Numa manhã de dezembro, a senhora que faz a limpeza aqui em casa, com um sorriso de alegria, me chamou para ver uma cena interessante; uma rolinha havia feito seu ninho na cestinha dos prendedores de roupa. A princípio demos risada pela curiosidade. Pegamos a cestinha que estava numa cantoneira e para nossa surpresa, verificamos que havia dois ovinhos branquinhos e pequenos lá dentro. A rolinha, acreditamos, deveria estar por perto acompanhando nossas ações. Minha primeira preocupação, foi  verificar se aquele ninho estava em lugar seguro, livre dos ataques de algum gato noturno.

Naquele momento, agi como um pai preocupado tentando proteger seus filhos das agressões do mundo externo. Não levei em consideração que a nossa rolinha, instintivamente, já havia providenciado o aspecto segurança. Por mais espertos que fossem os gatos, eles não teriam como chegar à cantoneira onde estava o ninho, sem se esborracharem no chão. Refleti e conclui que a proteção aos entes queridos é igual em todas as espécies.

Acompanhar a evolução daquele ninho, passou a ser meu passatempo predileto nas primeiras horas das manhãs. Admirava aquele pequeno pássaro chocando seus ovinhos com ternura e dedicação franciscana. Raramente se ausentava e todas às vezes que olhava pela janela, lá estava ela na sua pose elegante, como uma lady, a cuidar da sua futura cria.

O ninho passou a ser o local de visitação dos meus dois netinhos (Caíque e Thiago). Thiago ainda muito pequeno, começando a articular as primeiras palavras, limitava-se a apontar o dedinho para a rolinha e no seu vocabulário, dizia apenas “pa” e soltava gritinhos. Caíque, maior e muito esperto, queria saber de tudo e via-se claramente estampados no seu rostinho, o brilho de alegria dos seus olhos a contemplar a magia daquele momento. Talvez pensando na sua ingenuidade, que quando aqueles passarinhos nascessem, seriam mais uns amiguinhos ou um brinquedo para ele.

O tempo foi passando até que numa dessas manhãs, ao abrir a janela do meu quarto, vi a “mamãe” rolinha alimentando dois passarinhos. Eram pelados, feios e a exemplo de um bebê, como diria meu cunhado brincalhão: com cara de joelho. Confesso que nunca entendi bem o porquê dessa comparação,  mas sempre achei engraçada. Fiquei emocionado com aquela visão. Senti-me parte daquele momento, porque em nenhuma ocasião interferi na mudança do curso daquelas vidas. Confesso que algumas vezes me vi tentado a alimentar a mamãe, mas não o fiz. Respeitei a cadeia da vida e deixei que ela (pombinha) cuidasse disso. Ah! Os netinhos vibraram. Difícil foi explicar porque não podiam mexer nos filhotes.

O tempo foi passando e aqueles outrora peladinhos, foram emplumando. Sabia que mais dias menos dias, eles iriam embora. Aconteceu! Numa manhã ensolarada, abri a janela e o ninho estava vazio. Estava completado mais um ciclo da vida. Agora me restou à expectativa que na próxima primavera aquela cestinha venha a ser usada novamente por algum novo pássaro, fazendo a minha alegria e dos netinhos que, aliás, agora são três com a chegada da irmãzinha do Caíque, minha bonequinha com cara de chinesinha chamada Letícia.

Piracicaba, Maio de 2002

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O Câncer de Boca afeta, na maioria, os idosos


Você mesmo pode ajudar, realizando o Auto-Exame da boca e consultando o seu Cirurgião Dentista.

A incidência de câncer bucal ocupa o quinto lugar entre o sexo masculino e o sétimo entre o sexo feminino. No Brasil, metade dessa população é diagnosticada tardiamente. Nesse sentido, a prevenção é de extrema importância e alguns cuidados com a higiene bucal e auto-exames são fundamentais para evitar a doença.

O câncer de boca aparece, geralmente, como uma úlcera que no início não dói e sem tendência a cicatrização. Cresce continuamente e pode se apresentar pela alteração de cor (manchas brancas, vermelhas ou pretas). Entre os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento do câncer bucal estão o tabagismo, o consumo de álcool, a luz solar, agentes infecciosos e má alimentação.


O que é?

O câncer de boca é um dos tumores malignos mais comuns no Brasil e afeta principalmente os homens acima de 45 anos. No entanto, a incidência em mulheres que possuem os hábitos considerados de risco está aumentando. O Câncer bucal tem cura, principalmente quando diagnosticado no início.

Qual a causa?

Os principais fatores que podem levar ao aparecimento do câncer de boca são: o hábito de fumar e consumir bebidas alcoólicas em excesso. Quando fumo e álcool estão associados, o risco de desenvolver a doença aumenta mais de 100 vezes. Nos casos de câncer de lábio, a exposição ao sol é o principal fator, seguido do fumo.

Como aparece?

O câncer de boca aparece geralmente como uma ulceração (ferida) com as bordas elevadas. Pode apresentar-se também com coloração branca e/ou vermelha. Essa ferida, no início, não dói e não cicatriza.
Qualquer alteração de cor ou volume (“caroços, carnes crescidas, bolinhas”) deve ser examinada pelo dentista, bem como dificuldade em falar ou engolir.


“Ferida” na boca que não desaparece em 21

dias deve ser avaliada pelo Cirurgião-Dentista.

Como é feito o diagnóstico?
A principal forma de se detectar o câncer de boca é através do auto-exame de boca. Quando qualquer alteração for encontrada, deve-se procurar o dentista que irá avaliar a necessidade da realização de uma biópsia (remoção de um pequeno fragmento para exame microscópico) para confirmação do diagnóstico.

Como é o tratamento?

O tratamento é feito basicamente através de cirurgia, associada ou não a quimioterapia e radioterapia.

O câncer tem cura?

Sim, se diagnosticado no início, e tratado da maneira adequada, a cura do câncer de boca pode ser obtida na maioria dos casos. Metade dos casos no Brasil são diagnosticados tardiamente, a melhor maneira de reverter essa situação é com a informação e o auto-exame de boca.

Como prevenir?

• deixe de fumar;
• não beba em excesso;
• proteja os lábios e a pele contra os raios de sol;
• alimente-se de maneira saudável, com verduras, frutas e legumes;
• execute o autoexame todo mês;
• procure o dentista se tiver alguma dúvida ou notar qualquer alteração.

Autoexame da Boca:

Todas as regiões da boca devem ser examinas. Procure um espelho em um local bem iluminado e observe:
• lábios;
• língua (principalmente as bordas);
assoalho (região em baixo da língua);
• gengivas;
• mucosa jugal (bochecha);
• palato (“céu da boca”);
• tonsilas ou amígdalas.

O Câncer de boca tem cura;
realize o autoexame para continuar com um sorriso saudável.




Fonte: www.crosp.org.br

O Velho


Mais uma crônica escrita pelo nosso querido amigo Edmar Oliveira, 70 anos e hóspede Bonsai           

Numa grande metrópole, morava um velhinho simpático, mas aborrecido com as dificuldades da vida miserável que levava. Vivia se perguntando sobre a utilidade de viver.

Nos seus momentos de reflexão, questionava sobre a utilidade do homem na Terra. Que utilidade poderia ter alguém que na visão dele, vivia em constante desarmonia, sem amor e agredindo a natureza que outrora fora o Jardim de Éden? Não entendia por que Deus demorava tanto para vir buscar os Seus filhos. Achava que muitas guerras e catástrofes poderiam ser evitadas se O Dia Final acontecesse logo. 

O velhinho matutava e matutava sem chegar a nenhuma conclusão. Ele era consciente que nada havia feito de útil na sua vida. Não se casara, para não ter aborrecimentos com esposa e filhos. Sempre tivera uma idéia muito comodista sobre sexo e família. Para ele família eram as mulheres da casa da Maria Machadão, a cafetina do lugar. Quando sentisse desejos eram suficientes os chamegos da Rosinha “Corrimão”. Fumar um cigarrinho e beber uma pinguinha, derramando o último trago para o santo completava seu prazer.      

Com esse pensamento entre Deus e os prazeres mundanos ele levava sua vidinha de caboclo. Com um salário mínimo do INSS decorrente de uma aposentadoria por idade, ele sobrevivia porque nunca trabalhou com carteira assinada e tampouco recolheu algum tostão à previdência social. Era o que se poderia chamar de excluído social. Sem casa para morar, dormia de favor nos fundos de uma serraria de um conhecido. O pagamento era varrer o chão e lavar os banheiros todos os dias.

O tempo foi passando e o velho ia com ele. Já não tinha mais apetite para os chamegos da Rosinha, agora uma senhora roliça de faces rosadas, seios flácidos, bunda caída e celulites; reflexo de uma vida desregrada. Diziam até que a coitada vendia drogas para tentar sobreviver. Nessa deterioração inexorável da vida, alguns pensamentos vinham-lhe à mente e o principal era o questionamento do significado da vida. Às vezes brigava com Deus que ele  ouvira falar nos sermões das igrejas  que esporadicamente  frequentava, apenas com o objetivo de conseguir alguma ajuda. Fingia com a cara mais lavada desse mundo que Deus era seu Salvador. Saia da igreja e ia beber sua pinga para esquecer a fome e “esquentar” o corpo nas noites frias.

Sentia a cada dia menos disposição para andar. O corpo alquebrado e torpe refletia as marcas do tempo. Passava a maior parte do dia no jardim da igreja matriz apreciando o canto dos pássaros e os andares maliciosos das garotas com suas calças justíssimas, cós baixo, mostrando o umbigo e algumas até deixando antever o início dos pelos pubianos. Vinha a sua mente a lembrança da Rosinha do passado. “Ah cabrita danada!”, pensava.

Sem forças para limpar a serraria e lavar banheiros ele foi convidado pelo colega a desocupar o lugar. Não reclamou. Nem para isso tinha mais ânimo. Se fosse um pouco mais jovem, teria dito umas boas ou dado umas porradas nele.

Seu destino foi ser morador de rua. Dormia as noites embaixo de uma marquise e fazia as necessidades fisiológicas no matinho de um córrego ali perto. Já nem questionava mais. Afinal, porque Deus  ainda não veio? Qualquer dia desse ele iria dizer umas boas ao pastor que só falava bem da outra vida. E essa vida malvada que estava vivendo? Sentia-se tão fraco que talvez não tivesse forças para acompanhar Deus á nova morada tão prometida.

Sozinho, no seu canto, encolhido e quieto, ele sentia muito medo da violência das ruas. Sofria na pele o descaso das pessoas. Não raro a polícia o levava a casa do morador de rua a pedido dos lojistas que reclamavam do seu mau cheiro. Lá, tomava banho e cuidavam das suas feridas. No dia seguinte, voltava a sua vidinha de excluído social. Sua marquise sempre estava a sua espera. 

Não tinha mais vontade de viver. Algumas vezes chorava baixinho, principalmente, quando não encontrava o que comer nos sacos de lixo.

Foi no meio de uma depressão como essa que, numa noite de verão, depois de sentir as pernas baquearem, ele viu um vulto iluminado envolto em um manto lindo e esplendoroso vindo ao seu encontro. Perplexo, sentiu-se envolvido por uma aura de paz e bem estar. Não entendeu bem tudo aquilo, mas sabia que algo de bom estava para acontecer. Candidamente, aquele vulto pousou sua mão direita no seu ombro e disse - “Filho, levanta-te e dê-me sua mão. Na casa do meu Pai há muitas moradas”. O velhinho, trêmulo e envergonhado e sabedor do que estava acontecendo disse não ser merecedor de tanta Graça. Lembrou-se das palavras do pastor sobre o ladrão da cruz e disse: “Senhor, perdoai meus pecados. Estou sofrendo muito”! Disse isso com todas as forças que ainda sobravam, com os olhos marejados e o coração aos saltos.

No dia seguinte, um camburão da polícia veio retirar aquele corpo estendido na calçada que atrapalhava os pedestres. As pessoas que por lá passavam, ficavam intrigadas.  Porque aquele semblante de felicidade no rosto inerte de um ser tão miserável?


Por: Edmar Oliveira - 18 de Março de 2004.


domingo, 22 de abril de 2012

As verdades sobre o envelhecer

Afinal, em quais mitos devemos acreditar sobre esta etapa da vida humana? Navegando pela internet, muito se vê sobre os famosos e tão comentados “Mitos da terceira idade”.
O que não faltam são dicas, conselhos e outras palavrinhas de conforto sobre como enfrentar esta tão complexa e assustadora (para alguns) fase da vida. Porém, entre tantas afirmações sobre uma fase que ainda está por vir e ameça homens e principalmente as mulheres, fica difícil separar o que é verdade do que é apenas mito em relação à terceira idade.

Dentre tantas matérias, selecionamos esta, assinada por Alessandra Dias, que traz como título 5 mitos sobre a terceira idade alguns a respeito dessa época da vida e procuramos entender o que pensam as pessoas “sobre a(s) verdade(s) do envelhecer”.

Mito 1: As mulheres temem a terceira idade
“Apesar de parecer que muitas mulheres sofrem com o pensamento de chegar à terceira idade, na verdade a maioria encara isso como um desafio e uma nova oportunidade para mudanças.
O maior medo na realidade é dos sinais de envelhecimento, porém estes já se sabe que podem ser controlados com cuidados na saúde e alimentação.”

Não é possível afirmar o que pensa a maioria das mulheres. São tantas questões implicadas neste processo que chega a ser arrogância avaliar como as pessoas, de maneira geral, sentem e pensam o envelhecer. E isto tudo varia muito, a depender da fase e do momento de vida em que o indivíduo se encontra. Quanto aos sinais de envelhecimento, não há como evitá-los. Para mais ou para menos e com todos os cuidados possíveis eles (os tais sinais) estão aí e com os anos, cada vez mais presentes.

Mito 2: Envelhecer é um processo deprimente
“Especialistas afirmam que pessoas na terceira idade podem ter sim uma vida muito feliz, ativa e saudável – basta querer e não temer essa fase. Manter-se bem alimentada e praticar exercícios físicos, bem como manter atividades sociais regulares ajuda a combater os momentos menos animados da terceira idade e pode ser um grande aliado à qualidade de vida. Estudos mostram que pessoas na terceira idade que sofrem de depressão estão mais propensos à doenças e à morte, portanto mesmo os mais sutis sinais da depressão devem ser diagnosticados e tratados o quanto antes para que a terceira idade seja muito mais agradável e duradoura.”

Afinal, envelhecer não significa fim. Envelhecer é processo de vida que tem seu início quando nascemos. Aniversários são sinais de envelhecimento comemorados e porque não seriam! Se brindamos a passagem dos anos querendo mais anos de vida, temos que nos preparar com projetos de vida para que esta continue valendo a pena...

Mito 3: Não existe sexo na terceira idade
“Uma pesquisa comprova que a qualidade da vida sexual depende muito mais da saúde dos indivíduos do que de suas idades. Mulheres com a saúde defasada afirmaram ter a vida sexual muito menos ativa, enquanto as saudáveis afirmaram ter relações sexuais mais regulares – segundo os dados deste estudo. Contudo, independente da idade, é essencial se prevenir das doenças sexualmente transmissíveis por meio do uso de preservativos.”

Sexo é bom e todos gostamos e em todas as fases da vida. Muitas mulheres brincam entre elas dizendo que “faz bem para a pele”. Elas tem razão. A pele mostra através de seu brilho e vigor a transparência do amor, do sexo, quem sabe. Mostra que as pessoas continuam sendo desejantes.

Mito 4: Se você não malhou quando era nova, não adianta começar na terceira idade
“Isso não passa de um mito. É claro que quanto mais cedo você começar as atividades físicas, melhor será. Porém isso não significa que se você começar na terceira idade isso não vai adiantar coisa alguma. É muito importante se exercitar, mesmo na terceira idade e mesmo não tendo praticado nenhuma atividade física antes dessa fase da vida. Manter-se fisicamente ativa também ajuda a te manter saudável e com aspecto mais bonito e jovial. Portanto, nada de desculpas. Melhor começar na terceira idade do que nunca começar.”

Atividade física tem muito a ver com disciplina. Os benefícios são indiscutíveis, mas é importante considerar que as pessoas que nunca praticaram exercícios com regularidade encontram uma dificuldade enorme em começá-los nesta fase da vida, pode até ser algum tipo de resistência, não importa, mas o que não pode é virar obrigação. A vida deve ser praticada com prazer e cada pessoa pode encontrar seu próprio caminho de satisfação, seja na academia levantando peso, na caminhada diária, na dança dos finais de semana ou até no amor.

Mito 5: As dores são inevitáveis na terceira idade
“Achar que toda pessoa na terceira idade sofre com dores, especialmente aquelas causadas pela artrite, não passa de um mito. Há muito que se pode fazer durante a vida adulta para evitar essas dores no futuro. Alguns desses cuidados que você pode tomar para evitar dores no futuro, incluem, perder peso, usar roupas confortáveis, usar calçados anatômicos na numeração correta e não exagerar em exercícios que forçam muito os joelhos e outras articulações. Estudos revelam ainda que mulheres que se exercitam tem menos chances de ter artrite na terceira idade, portanto exercitar-se regularmente é essencial.”

Mitos apresentados, verdades e não verdades discutidas, assim lidamos com a dúvida da escolha a fazer e no que, exatamente, acreditar. Então, fica a dica: siga seu momento. Sabe aquela fração de segundo em que tudo parece possível e verdade? Um breve atalho, uma chance para respirar e acreditar na vida que você escolher.

Idosos e Sedentarismo


A falta da prática de exercícios físicos durante o cotidiano das pessoas é entendida como sedentarismo. Entretanto, o termo sedentarismo não se refere apenas à ausência de atividades esportivas, pois sedentário é aquele que não gasta muitas calorias por semana devido à ausência de atividades ocupacionais. Para que uma pessoa não se torne sedentária, ela precisa gastar, no mínimo, 2.200 calorias por semana através da realização de exercícios físicos.

As consequências de uma rotina sedentária são extremamente prejudiciais à saúde, pois podem ocasionar o desuso dos sistemas funcionais, fazendo com que o aparelho locomotor e os demais órgãos entrem em um processo de regressão funcional. Dessa forma, os músculos podem sofrer atrofias em suas fibras e a flexibilidade muscular pode ser reduzida.

O sedentarismo não tem idade e pode ser uma característica presente na vida de qualquer pessoa, principalmente a partir da adolescência. Entretanto, é um mal que prejudica de maneira mais grave os idosos, pois suas consequências acentuam problemas que ocorrem naturalmente com o passar do tempo. O sedentarismo, portanto, agrava ainda mais o processo de envelhecimento, antecipando ou ocasionando problemas que poderiam ser evitados.

Por essa razão, é preciso que algumas práticas sejam adotadas durante o dia-a-dia, particularmente pelos idosos, para evitar uma rotina sedentária. Para quem pertence à terceira idade, o primeiro passo é consultar um médico que avaliará suas condições físicas para, em seguida, dar início à prática de exercícios físicos.

Algumas das atividades que podem combater o sedentarismo são: caminhada, ciclismo, natação, ginástica, entre outras. As pessoas se adaptam de maneiras diferentes a esses exercícios, por isso a importância da consulta médica para verificar qual deles será o ideal de acordo com as condições físicas de cada um.

Além do tipo de exercício físico, a quantidade, que está relacionada ao número de vezes que o exercício deve ser feito por semana e ao tempo diário, também varia de pessoa para pessoa. Normalmente, o recomendado é que as atividades físicas sejam realizadas de 03 a 05 vezes por semana, de 40 a 60 minutos por dia. Quem deve indicar com que frequência os exercícios devem ser praticados é o médico responsável.

O papel do médico não acaba ao recomendar quais tipos e com que frequência a pessoa deve praticar atividades físicas. É de sua responsabilidade, ainda, avaliar e acompanhar de que maneira essa prática está atuando na saúde do paciente. Por essa razão, as consultas devem ser frequentes, evitando que o efeito da realização de exercícios físicos não seja o contrário do esperado.

Na tentativa de facilitar a periodicidade de consultas médicas e buscando sempre prevenir e diagnosticar o quanto antes as doenças que mais afetam os idosos, existem convênios médicos, que oferecem serviços especializados para a terceira idade e que podem ser grandes aliados ao combate do sedentarismo.

Entenda sobre Labirintite

Conhecida por causar intensas vertigens, a labirintite é uma inflamação que acomete o labirinto e/ou o ramo vestibular de nosso nervo auditivo.

Para facilitar seu entendimento, é preciso saber que o labirinto é um órgão responsável por auxiliar nosso cérebro a identificar movimentos e, dessa forma, manter o equilíbrio de nosso corpo. Todos os sinais identificados são levados ao cérebro pelo chamado nervo vestibulococlear (nervo auditivo) que possui dois ramos: o ramo coclear, que informa ao cérebro os sons captados pelo ouvido; e o ramo vestibular, que informa sobre movimentos do nosso corpo, auxiliando a função de equilíbrio.

Compreendida as funções do labirinto e do ramo vestibular, torna-se mais fácil entender por que a labirintite é capaz de causar tantas tonturas e vertigens tão intensas.


Causas
Em grande parte dos casos, a inflamação desenvolve-se após uma infecção viral, como gripe, sinusite ou faringite. Além disso, a labirintite pode ser causada por outros vírus, como o Varicela Zoster, responsável pela catapora e pelo herpes zoster.

Casos raros, porém mais graves, da doença têm origem em infecções bacterianas, como a otite bacteriana ou meningite bacteriana, podendo trazer complicações, como surdez permanente e sepse (infecção geral grave do organismo).


Sintomas
O principal sintoma da labirintite é uma forte e repentina vertigem, causando a sensação de que tudo ao redor está girando. Ela costuma ficar ainda mais intensa, toda vez em que o paciente faz movimentos bruscos com a cabeça e ainda pode apresentar sinais de nistagmo, que são movimentos involuntários dos olhos, normalmente em direção lateral.

Náuseas, vômitos e desequilíbrio também são comuns e, em casos de labirintite causada pela inflamação do labirinto, pode haver perda auditiva do ouvido acometido e presença de zumbidos.


Tratamento
labirintite é uma doença que vai melhorando, espontaneamente, ao longo dos dias. Normalmente, os dois ou três primeiros dias apresentam os sintomas mais intensos, o que pode tornar necessário o uso de medicamentos para controlá-los e, principalmente, muito repouso e cuidados com a hidratação.

Casos de labirintite viral podem recorrer ao uso de corticóides para acelerar o processo de cura, enquanto a labirintite bacteriana deve ser tratada com antibióticos. A medicação, porém, deve ser receitada por um médico responsável, por meio de consultas. Somente assim, é possível fazer um tratamento eficaz.

Apendicite na Terceira Idade

apêndice é uma região do trato gastrointestinal próxima ao intestino delgado e ao intestino grosso que produz um muco que se mistura às fezes. Ele pode ser entendido como uma espécie de tubo sem saída, o que significa que qualquer obstrução na passagem desse muco, deixará o apêndice acumulado e, consequentemente, dilatado.

Esse é quadro que dá origem à apendicite, ou seja, a inflamação do apêndice, capaz de evoluir para o rompimento do apêndice, ocasionando a apendicite supurada.

A doença pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em adolescentes e jovens adultos. Em pessoas com mais de 50 anos, a obstrução do apêndice pode ser causada por pedaços de fezes ressecadas ou, até mesmo, existência de tumores ou vermes intestinais. Por isso, o cuidado não exclui os idosos.


Sintomas
O sinal mais evidente da apendicite é uma dor na região inferior e direita do abdômen. Normalmente, o incômodo pode ser localizado na área do estômago ou em volta do umbigo. A dor, porém, tende a ser mais facilmente identificada conforme a doença progride, dando origem também a náuseas, vômitos, febre e, até mesmo, diarreia ou prisão de ventre.

Com a perfuração do apêndice, o problema evolui para um quadro de peritonite, que é a inflamação da membrana que recobre todo o trato intestinal, denominada peritônio, causando dores intensas ocasionadas por ações simples, como pisar no chão, e forte rigidez no abdômen, que, normalmente, fica duro como uma pedra.


Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da apendicite dá-se, principalmente, através de exames clínicos e laboratoriais. Isso porque o paciente só sente os sintomas da doença depois que o problema acomete outros órgãos próximos, como o peritônio. Para identificá-la, é necessária a realização de exames de imagem, como a ultrassonografia e a tomografia computadorizada.
O tratamento da apendicite é cirúrgico e, caso os exames detectem a presença de muita inflamação ao redor do apêndice, pode ser necessário recorrer ao uso de antibióticos por algumas semanas, até o momento da cirurgia.

O procedimento pode acontecer da forma tradicional ou por via laparoscópica, sendo essa a opção mais indicada para casos em que o diagnóstico não foi totalmente confirmado ou para pacientes obesos e idosos.

Indenização por Danos Morais por Abandono de Idosos e Crianças


Idosos e crianças terão, ao menos pela lei, amparo quando do abandono afetivo.  

Foi aprovado projeto e lei que estabelece o pagamento de indenização por dano moral aos pais que abandonarem "afetivamente" os filhos e também sujeita filhos ao pagamento de indenização pelo abandono afetivo de pais idosos,  pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC ).

A comissão aprovou o PL 4.294 de 2008 – o qual acrescenta parágrafo ao art. 1.632 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil e ao art. 3° da Lei nº 10.741, de 1ª de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso, de modo a estabelecer a indenização por dano moral em razão do abandono afetivo.

O poder grisalho: a vida começa aos 60

O que as empresas fazem conflita com o fenômeno da longevidade, descartando exatamente aqueles que têm um histórico de sucesso e invejável acúmulo de competências.

Apesar de o mercado descartar os mais velhos, há inúmeras oportunidades esperando por eles que, por meio da experiência, dão o tempero e o equilíbrio ideal que uma empresa, formada por jovens executivos ambiciosos, precisa.

Roberto Marinho começou muito cedo sua saga de empresário bem sucedido. Com apenas 21 anos, assumiu o comando do jornal O Globo, logo após o falecimento prematuro de seu pai. Desafio que abraçou como uma missão de vida ao criar um ícone do jornalismo impresso brasileiro. Mas foi aos 60 que atingiu o ápice: ergueu o maior império de comunicações da América do Sul, cuja ponta mais visível é a TV Globo - quarta maior rede de televisão do mundo.

Ray Croc era um obscuro vendedor de batedeiras de milkshake, com maior atuação na Costa Oeste dos Estados Unidos (Croc morava em Chicago, do outro lado do país). Visitando uma pequena lanchonete, vislumbrou uma inesperada oportunidade de negócio, depois de ouvir as lamúrias da família McDonalds. Sem pensar duas vezes, adquiriu o controle da lanchonete, transformando-a, em pouco tempo, na maior cadeia de “fast food” do mundo. Sabem quantos anos Croc tinha na época? Beirava os 55 anos. Um garoto hoje, mas um velho naquela época.

Os conhecidos casos acima refletem o poder que cérebros experientes possuem em discernir entre o certo e o errado, a oportunidade e a aventura. Ou seja, são mais capazes de tomar decisões com maior probabilidade de acerto. Habilidade única que só se conquista com os longos anos de estrada, mas que, curiosa e absurdamente, vem sendo paulatinamente desprezada. Ao contrário do que se via no passado, quando nos momentos de crise as empresas sempre demitiam os mais jovens e preservavam os mais velhos, para perenizar a cultura organizacional e conservar o conhecimento acumulado.

Isso, porém, ficou no passado. A crise financeira atual expõe uma quebra de paradigma* que já vinha ocorrendo e que não se prestou muita atenção. Nos últimos dez anos, as empresas, de forma implacável, vêm preferindo os mais jovens, descartando os mais velhos. Tudo em nome da tão conhecida redução de custos. As consequências são óbvias, previsíveis e o ganho final da troca da experiência pelo menor custo não implica em efeito significativo no “botton line” das empresas. Acontece justamente o contrário. No final das contas, o custo da curva de aprendizado acaba por neutralizar a aparente economia.

Sem sombra de dúvidas, o que as empresas fazem conflita com o fenômeno da longevidade. Elas descartam exatamente aqueles que têm um histórico de sucesso e invejável acúmulo de competências. Desperdiçam talentos, gente qualificada, útil e que pode fazer a diferença. Parece existir um contra-senso nítido. Sobretudo porque nem é preciso ir fundo nos dados demográficos para constatar que o Brasil está envelhecendo; envelhecendo com saúde, energia, vontade e muito a contribuir.

A geração que fez dos anos 60 um espaço de imaginação e contestação entrou no milênio como representante de um novo poder, o “poder grisalho”. Hoje, os “sessentões” totalizam 19 milhões de pessoas, ou 10,2% da população brasileira, de acordo com dados do IBGE. Trata-se de uma mudança significativa na estrutura etária do país, se considerarmos que na década de 40 eles representavam 4% da população.

São eles que, por meio da experiência, dão o tempero e o equilíbrio ideal que uma empresa formada por jovens executivos ambiciosos precisa. Sua contribuição para o amadurecimento das organizações brasileiras é indiscutível. É por essa razão que a demografia guarda uma íntima relação com a qualidade do processo de “mentoring” (transferência de aprendizado) nas empresas. Vivenciei vários casos durante minha carreira e até cito alguns no meu livro “Você Não Tem de Ceder”, Editora Campus/Ellsevier, 2007.

Não são apenas profissionais mais vividos em posições de destaque, premiados por seus longos anos de entrega e dedicação ao ofício. Como também, exercem a função de verdadeiros conselheiros, que partilham o conhecimento com seus aprendizes, estimulando-os a descobrir o que cada um tem de melhor. Possuem também a árdua missão de identificar e reter talentos que representam a futura liderança emergente.

Se você foi vítima dessa postura equivocada que as companhias ditas “modernas” têm em relação ao papel dos cabelos grisalhos na condução dos negócios, não se desespere, não pense que o seu prazo de validade expirou. Acredite, há inúmeras oportunidades à espera do seu talento. Como diria Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Seja o dono da sua própria vida, da sua carreira. Aguardem que nos próximos artigos discutirei meios e formas para garimpar essas oportunidades.


Por: Julio Cardozo