terça-feira, 26 de novembro de 2013

Carta de um portador de Alzheimer ao seu cuidador

Lembre-se de que sou uma pessoa consciente, portadora de uma doença que compromete minha memória, minha linguagem e meu raciocínio. Por isso, ajude-me a aceitar a demência sem revolta e infelicidade.

Não perca a paciência se eu pedir a mesma coisa por mais de uma vez. É a única maneira que tenho de dizer que eu não lembro o que falei antes. 
Eu não sou deliberadamente teimoso, mau, ingrato ou desconfiado. A deterioração do meu cérebro faz com que eu me comporte diferente do que eu gostaria. 

Se eu tivesse um braço quebrado, você com certeza não ficaria irritado comigo por estar impossibilitado de fazer certas coisas, não é mesmo? Mas eu tenho um cérebro que está a cada dia se deteriorando. Então, não me culpe pelos efeitos que a doença de Alzheimer tem em minha habilidade de executar certas tarefas. 

Eu não esqueço as coisas com a finalidade de magoar, irritar, embaraçar ou confundir. A doença me faz confuso e desorientado. 
Nove de dez vezes você está certo em me lembrar de algo, vá em frente; por mais que eu demonstre constrangimento ou me aborreça. Eu sei que preciso que me lembrem de tudo. 

Tenha senso de humor; ajuda a aliviar a carga dos meus problemas, os quais, eu sei, muito sobrecarregam você; ajude-me a rir dos percalços da minha doença para diminuir nossas frustrações conjuntas. 
Não tire todas as responsabilidades de mim. Eu estou vivo e quero estar incluído na sua vida e nas decisões que têm de ser tomadas. 

Não pense que estou insensível à sua vida. Sinto dificuldade de verbalizar o que penso, concentrar-me no que gostaria. 
Não desista de mim. Me estimule sempre. Não solucione todos os meus obstáculos. Isto somente me faz perder os respeito por mim mesmo e por você. 
Não me repreenda ou discuta comigo. Isso pode fazer você se sentir melhor, mas só piora as coisas para mim; eu me reprimo mais e me afasto mais das pessoas com receio de errar sempre. 

Não tenha vergonha de mim, não me esconda em casa. Leve-me para passear, ver o sol nascer, o entardecer, o eclipse, o jardim florido, as crianças na praça ...
eu posso até não entender o que estou fazendo nos lugares, mas com certeza SINTO: sinto as vibrações, a alegria, a harmonia. Com certeza eu vejo a beleza do mundo que me cerca.

Olhe-me nos olhos quando for falar comigo. Transmita-me paz e serenidade. 
Não fale de mim como seu eu não estivesse ali. Mantenha minha dignidade.
Não zombe de mim quando eu fizer minhas confissões; quando eu confundir os nomes dos filhos, do cônjuge, dos netos, o local onde estou, quando eu me perder dentro de minha própria casa. Lembre-se que eu preciso de ajuda e compreensão. Por isso, conheça a doença para poder entender o que eu passo e sinto.

Não me deixe sem amor e carinho. Eu sempre vou sentir conforto e segurança quando você me beijar ou me acariciar. 
Você poderá se sentir sozinho quando a doença avançar, mas saiba que não foi minha escolha ter demência. Por isso não me abandone. 
A natureza da minha doença me faz mudar de personalidade; assim sendo, posso tornar-me uma pessoa vil e indigna. 

Quando estivermos reunidos e sem querer faça minhas necessidades fisiológicas, não fique com vergonha e compreenda que não tive culpa, pois já não posso controlá-las.
Não me reprima quando não quero tomar banho; não me chame a atenção por isto. Quando minhas pernas falharem para andar, dê-me sua mão terna para me apoiar. 

Não fuja da realidade: eu tenho uma doença maligna. Troque de papel comigo, para poder entender que o que eu sinto é tão ou mais frustrante do que você sente. Troque de lugar comigo e conheça as minhas aflições por esquecer minha história de vida e perder minha própria identidade. 

Não chore por mim... nem se deprima por ter que conviver com um demente. Nós não escolhemos a demência. Tenha fé. 
Eu choro sozinho por saber que estou limitado e por eu ser fervorosamente (veemente) apegado em minha vida.  Seja você saudável. Basta eu de doente. 
Não se sinta triste, enjoado ou impotente por me ver assim. Dê-me em seu coração, compreenda-me e me apoie.
 
Por último, quando algum dia me ouvir dizer que já não quero viver e só quero morrer, estiver em fase terminal e vegetal, não se enfades. Algum dia entenderás que isto não tem a ver com seu carinho ou o quanto te amei. Trate de compreender que já não vivo, senão sobrevivo, e isto não é viver.



domingo, 24 de novembro de 2013

Situações de emergências em idosos

O que são situações de emergência?

Com as pessoas idosas, de uma hora para outra, pode ocorrer uma piora súbita, repentina ou um acidente, alterando por completo sua saúde e sua rotina de vida. São o que chamamos de emergências. O cuidador deve estar atento, pois uma emergência precisa de ação imediata, firme e segura. Caso contrário, pode levar à uma série de consequências para a pessoa idosa, inclusive a morte.

Qualquer alteração na rotina do idoso, tais como:
*Apatia, moleza
*Sonolência excessiva
*Confusão mental aguda, de repente, sem explicação
*Agitação intensa e agressividade
*Dores muito fortes
*Febre alta
*Sangramentos
*Convulsões
*Vômitos e diarreia, dentre outras...

Podem ser sinais de piora da saúde e que alguma doença séria está se instalando! Procure assistência médica imediata (chame o médico, ambulância ou procure um hospital).



Dr. Márcio Borges – geriatra

Preste atenção no idoso que vive sozinho

Como você sabe quando é hora de ajudar um idoso que está tendo dificuldades nas atividades do dia-a-dia? Está ficando mais dependente? As perguntas deste questionário podem ajudá-lo a tomar essa decisão.

Viver em segurança
1. O idoso tem sofrido acidentes devido à fraqueza, tonturas ou incapacidade de andar com segurança?
2. Existem condições perigosas na casa do idoso, por exemplo, banheiro sem barras no box e no vaso, escada perigosa ou muitos desníveis de solo pela casa?
3. O idoso se recusa a usar cadeira de rodas, andador ou dispositivo auxiliar para se mover com segurança, caso precise?
4. O idoso fala sempre em morte, vontade de morrer ou que a vida já não vale mais a pena? Ou reclama de muita solidão?

Alimentação
1. O idoso não consegue ou não gosta mais de cozinhar? Ou não tem mais ninguém em sua casa, que cozinhe para ele?
2. O idoso está com alguma doença mais séria, anemia, perda de peso ou algum outro quadro sugestivo de desnutrição?
3. Será que o idoso come somente alimentos industrializados (biscoitos e frituras), evitando comida de sal ou frutas e legumes?
4. É comum o idoso reclamar que se esqueceu de comer? Ou você percebe que ele salta refeições?

Autocuidado e higiene pessoal
1. Percebe que o idoso não toma banho diariamente e que apresenta sempre aquele cheiro característico de urina, na roupa?
2. O idoso costuma ter problemas de incontinência e reclama que não dá tempo para chegar ao banheiro?
3. O idoso quase nunca está limpo, asseado, com boa higiene bucal e cabelos lavados e escovados? O idoso não troca diariamente suas roupas, não se veste com roupas adequadas?
4. Sua roupa de cama nunca está limpa, sem cheiros de urina e são trocadas semanalmente?

Uso de medicamentos e consultas com o médico
1. Será que o idoso se esquece de tomar os medicamentos prescritos pelo médico?
2. É comum o idoso tomar uma dose inadequada de medicamentos, propositadamente ou acidentalmente?
3.  O idoso sabe manusear bem os remédios que toma? Sabe ler e interpretar uma receita médica? Consegue contar as gotas do medicamento ou a quantidade de mililitros de um xarope ou solução?
4. Percebe que o idoso é incapaz de pedir ajuda em caso de uma emergência?
5. Os problemas de audição do idoso afeta a capacidade em pedir por telefone ajuda de familiares, vizinhos e amigos?
6. O idoso esquece com frequência de ir às consultas médicas agendadas?

Gerenciar a própria vida
1. O idoso tem dificuldade de lidar com o seu dinheiro? Faz confusão com conta bancária? É incapaz de lidar com caixa eletrônico e extratos bancários?
2. É comum o idoso se perder na rua e sempre tem algum desconhecido ou vizinho ajudando a voltar para sua casa?
3. O idoso esquece frequentemente do nome dos netos, dos sobrinhos ou dos filhos?
4. Percebe que o idoso vem apresentando comportamentos inadequados, socialmente inapropriados e que não reflete seu temperamento e caráter usual?
5. Os familiares, vizinhos ou amigos percebem que o idoso reclama muito de pessoas, conhecidas ou não, que estão perseguindo ou roubando seus pertences? Estão achando o idoso muito desconfiado ou agressivo?

Todas as perguntas foram formuladas para responder SIM OU NÃO. Quanto mais independente e autônomo for o idoso, mais respostas NÃO você responderá. Ao contrário, quanto mais dependente e frágil for o idoso em questão, mais respostas SIM serão assinaladas. Veja aos orientações que oferecemos abaixo:

*Poucas respostas SIM podem significar algum problema de saúde ou social pontuais, talvez mais fáceis de solucionar. Mas que se for deixado de lado, poderá colocar a qualidade de vida do idoso em xeque, no futuro. Nesses casos, o acompanhamento e supervisão de algum familiar, de amigos e vizinhos ajudarão muito.

*Se a maioria das respostas for SIM, retrata claramente que o idoso em questão vem apresentando dificuldades sérias para gerenciar e cuidar de sua própria vida e que alguma doença ou condição de saúde ou familiar está bastante afetada. Esse idoso deverá ser monitorado e ter o apoio familiar para ajudar a cuidar e acompanhar a sua vida. Também deverá ir a uma consulta ao geriatra, avaliando a questão de seus problemas levantados, da dependência e quais as suas possíveis causas, bem como um plano de reabilitação e tratamento.



Márcio Borges - Geriatra

Com quem meus pais irão morar?

Um assunto muito comentado na internet é: “Com quem meus pais irão morar?”. Com quem minha mãe viúva e doente irá morar, com qual filho ou filha meu pai viúvo irá ficar, quem tomará conta de minha avó ou avô?
Por trás dessas perguntas, toda uma vida familiar está exposta, com suas desavenças, suas diferenças, sua união e seu amor familiar. A dependência de nossos pais e avós pode ser uma realidade mais difícil do que possamos imaginar. As diferenças entre irmãos e netos também. Tudo isso sem falar na própria personalidade do idoso dependente ou não, que poderá tornar a vida da família num lugar mais amoroso e acolhedor. Ou num verdadeiro inferno.
Antes de pensar em trazer e cuidar de seus pais ou avós em sua casa, considere estas perguntas:

1.Eu e minha família nos damos bem o suficiente para viver juntos novamente com meu pai ou minha mãe idosa? Temos uma relação positiva e condições de cuidar bem deles? Se você tem ou teve um relacionamento complicado, cuidar dos pais em sua casa pode não ser a resposta certa. Será que o seu cônjuge/companheiro e seus filhos concordam que trazer seus pais para a sua casa é a melhor forma de cuidar deles?

2.Como vamos resolver os problemas que certamente surgirão? Quando as coisas ficarem tensas e os desentendimentos surgirem, como eu e minha família lidaremos com isso?  Partilhe as suas expectativas com a sua família e também com o seu idoso. Pense em algumas regras básicas de convivência, antes que eles venham morar com vocês. Não presuma que cuidar dos pais será um mar de rosas e que os conflitos não aparecerão.

3.O que acontecerá se morar junto não der certo? Cuidar de seus pais deve incluir outras alternativas. Quais são as outras alternativas, se trazer os pais para morarem com você não der certo? Ou se seus pais precisam de mais cuidados do que você pode oferecer?

4.Quanto cuidado estou disposto a oferecer? Morando juntos levanta a questão de quanto cuidado, trabalho e esforço você poderá dar a seus pais. Será que terei condições de ajudar no banho de meu pai ou de minha mãe, ou ajudar a se vestir e se alimentar? Terei condições de contratar serviço de cuidador profissional ou de empresa de homecare? Meus pais aceitarão serem cuidados por outras pessoas?

5.Como pagarei pelas despesas de cuidados de meus pais? Certamente os cuidados dos pais em casa terão um forte impacto financeiro. Cuidar de idosos dependentes normalmente tem um custo financeiro alto. Será que meus pais podem contribuir para o orçamento familiar?  Meus irmãos poderão contribuir? A compreensão clara de como as despesas de cuidados dos pais será tratada, poderá evitar mal-entendidos e brigas entre os familiares.

6.Entre os irmãos, alguém terá melhores condições de cuidar de meus pais? Saberei entender e distinguir essa diferença? Saberei ajudar meus irmãos nessa tarefa? Ajudarei financeiramente, com a minha presença e meu trabalho? Os irmãos têm condições de, pacificamente, conversar e tratar do melhor cuidado para seus pais dependentes?

7.E quando a alternativa de levar meus pais para uma casa de repouso, uma instituição de longa permanência para idosos é a melhor? Eu e meus irmãos saberemos entender e analisar, essa alternativa?

Uma boa comunicação e planejamento são as chaves para o sucesso na difícil tarefa de cuidar dos pais em nossa casa ou na casa dos irmãos. Com essa perguntas e essas dicas, poderemos minimizar essa séria questão e fazer com nossos pais se sintam verdadeiramente cuidados e amados por todos nós, filhos. Afinal, cuidar de nossos filhos nos dá sentido de perpetuação; entretanto, cuidar de nossos pais idosos nos dá sentido de gratidão e compaixão!




Márcio Borges - Geriatra

Relacionamento entre avós e netos ajuda a prevenir problemas psicológicos na maturidade

O ditado diz que os avôs são pais com açúcar, de tantos mimos e gostosuras que eles costumam oferecer aos netos. E essa interação próxima, segundo um estudo da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, chega até a afastar a depressão em quem já passou dos 70 anos.

Os pesquisadores confirmaram que um vínculo forte entre as duas gerações diminui o risco de esse transtorno surgir — aliás, tanto nos mais velhos quanto nos jovens. "O avô fica sabendo das novidades com o neto, que, por sua vez, ganha com o conhecimento e a vivência do idoso", diz Ligia Py, gerontóloga da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Para o vovô, dar apoio concreto, como presentes e caronas, é essencial. "Ele sente que está contribuindo pra valer na vida do neto", completa a especialista.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Feriadão chegando... Vai passear ou viajar com um idoso com demência?

Dicas que poderão ajudar a família que irá passear e sempre leva junto seu idoso amado com demência.

Na fase inicial e no começo da fase intermediária, viajar com idoso com demência pode ser uma situação comum, para a maioria das famílias. À medida que a doença avança, as famílias encontrarão cada vez mais dificuldades em sair de férias ou realizar viagens, até mesmo corriqueiras e rápidas.

>>Nunca fale para o portador sobre o passeio ou a viagem que fará, com muita antecedência. Não o deixe ansioso e confuso em relação ao dia do evento. Procure falar somente na véspera ou algumas horas antes.

>>Nunca faça viagens longas e cansativas. Lembre-se de que sair da rotina da casa pode ser danoso para o idoso portador.

>>Esta dica é para a família: nunca pense que viajar com o idoso portador seja realmente férias. Talvez tenha muito mais trabalho e viajar seja até mais cansativo que cuidar em casa. Se a família quiser realmente descansar e passear, considere não levar o idoso junto, deixando-o aos cuidados de outros familiares (todos precisam ajudar), deixando-o com cuidadores de confiança em sua própria casa ou deixando-o, pelo tempo da viagem, em uma casa de repouso de bom padrão.

>>Tenha sempre em mente um Plano B. Se o idoso ficar confuso e agitado, durante o passeio ou viagem, cancele o plano inicial e volte com o idoso para casa. Isso pode ser feito pelo cuidador familiar principal, por outro familiar escalado para tal função ou pelo cuidador responsável pelo idoso.

>>Levar um cuidador profissional do mesmo sexo que o idoso pode ser de grande ajuda, principalmente se os familiares forem só do sexo oposto. Exemplo: filhas que levam o pai na viagem. Imaginem se o idoso precisar ir ao banheiro de um avião, de um ônibus ou um banheiro público?

>>Nunca se esquecer de levar a receita com todos os medicamentos, ter sempre o cartão de saúde do convênio e, de antemão, saber os locais de serviços médicos de emergência, caso o idoso necessite.



Por Dr. Márcio Borges – geriatra

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Dicas que os avós poderiam dar nos dias de hoje, e que talvez você dê um dia para seus netos

Apenas algumas dicas que minha avó deveria ter me dado, mas infelizmente nunca deu ..... Cacho Puebla.

O diretor de criação Chacho Puebla se perguntou quais seriam os conselhos que os avós, nos dias de hoje, dariam para seus netos.

O projeto se chama “Grandmother Tips” e foi criado por Puebla e suas irmãs. Eles juntaram algumas dicas que envolvem cenários atuais da tecnologia, com um toque de cinismo e bom humor e esse foi o resultado!

Não compre um aplicativo que tenha um logo feio


Não confie em ninguém que usa o Xing como sua principal mídia social


Não confie em tudo que você lê e vê no Wikipédia


Nunca jogue World of Warkraft, é muito, muito, muito viciante


Vimeo tem mais qualidade, mas o Youtube tem mais conteúdo


Filho, não twite apenas por twittar


Nunca deixe seu parceiro saber sua senha. Acredite em mim


Não pense que você é um fotógrafo só porque você usa Instagram


Eu não perco meu tempo no Google, é como o Facebook só que sem
os seus amigos para darem uma animada

Via IDST

Ter hábitos de idoso aos 20 anos nem sempre é problema

Várias podem ser as explicações para isso e cada caso precisa de ser compreendido individualmente, considera Joana Singer, mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Dentre os fatores que contribuem para isso, Singer cita a relação com pessoas mais velhas. É possível, por exemplo, que o indivíduo tenha aprendido, desde muito cedo, a entreter-se com familiares de idade avançada. Tal fato é comum em famílias com poucas crianças, nas quais se aprende que o entretenimento é viabilizado pela presença de adultos e por tudo que eles trazem – os seus costumes, seus gostos musicais, suas atividades favoritas.
“Há exemplos nos quais as posições se apresentam invertidas: pais que parecem mais jovens do que os seus filhos. Nesta situação, talvez os pais tenham-se constituído como um modelo fraco e, em alguns casos, negativo. Numa tentativa de ser muito diferente dos seus progenitores, esses jovens procuram agir da forma como eles gostariam que os seus pais se comportassem”, analisa a psicóloga.

Há que considerar, também, que muitas pessoas que parecem idosas tem dificuldades em relação a habilidades sociais importantes. “Comportamentos relacionados com a vida em turma e os namoricos podem ser muito pesarosos. E, aí, a apropriação de gostos e hábitos dos mais velhos apresenta-se como uma forma de escapar do confronto de situações que lhes parecem desconfortáveis”, diz Joana Singer.
Ela lembra, ainda, de outra situação: indivíduos que foram obrigados a amadurecer cedo pela necessidade de trabalhar precocemente, ou pela perda de um ou dos dois pais. “Muitos se afastarão de quem tem idade próxima porque se sentem distantes, fora do contexto, não se divertem da mesma forma, por exemplo. Aí, é provável que procurem a companhia de quem tem mais experiência e bagagem. Claro que alguns podem, apesar das grandes responsabilidades, cultivar e preservar gostos juvenis, mas não será regra geral.”

O termo jovem idoso também tem sido usado para classificar indivíduos que amadurecem muito depressa, salienta a psicóloga clínica e psicanalista Priscila Gasparini Fernandes, especialista em neuropsicologia. “São pessoas que procuram uma vida mais tranquila, sem a agitação comum dos mais novos. Preferem um bom livro ou filme ao invés de uma discoteca, pensam mais no futuro com planejamentos detalhados”.
Independentemente das razões e da forma como o indivíduo lida com isso, é importante que cada etapa da vida – infância, adolescência, juventude, maturidade – seja vivida. Mesmo nos dias de hoje, em que tais fases estão menos marcadas.

“A infância parece mais curta do que no passado, a adolescência estendida. De qualquer forma, cada ciclo ensina algo: há o momento de se desenvolver a criatividade de forma muito intensa (infância), o de experimentar a individualidade (adolescência), o de prosperar e construir projetos (vida adulta) e o de lidar com perdas frequentes e com a preocupação de deixar um legado (velhice). Vivenciar tudo isso é extrair de cada época uma trajetória única”, destaca Joana Singer.

Apesar de tais considerações, as duas terapeutas defendem que não necessariamente um jovem idoso esteja perdendo algo. Isso porque, muitas vezes, o que o motiva a agir como alguém mais velho não tem nada a ver com problemas como insegurança, baixa auto-estima e autoconfiança, melancolia.
“Há pessoas que se adaptam a um estilo de vida diferente e, dessa forma, encontram o seu grupo. Não podem ser considerados deslocados. Eles ganham com a maturidade profissional precoce, o que envolverá outras conquistas. Claro que não terão a hipótese de aprender a conviver com aqueles que envelhecerão com ele, os que têm a sua idade. Mas é uma questão de opção”, diz Singer


Via Diário Digital

Como explicar o envelhecimento para uma criança de forma lúdica e sadia?

A Casa Bonsai Recanto do Idoso (casabonsai.com.br) junto com o Colégio CLQ de Piracicaba (clq1.com.br), promoveram mais uma tarde de Virtudes - “A Valorização do Mais Velho”.


Foi apresentado para esse grupo de estudantes (13 a 14 anos), de uma forma sadia, do que é ser idoso; tirando o paradigma de que todo idoso é igual ao avô que temos dentro de casa que, por exemplo, joga tênis todo final de semana.


As crianças, enquanto aprendiam sobre a perda das funcionalidades do corpo, e as debilidades e limitações que o idoso possui, puderam usar o “simulador do idoso”, da qual conseguiram “sentir na pele” um deficit de acuidade visual, diminuição na marcha, espasticidade muscular, diminuição da audição e o “peso nas costas”....



Este aprendizado na prática e de forma saudável sobre as debilidades do idoso, os fizeram pensar sobre o porquê devem respeitar as vagas de idoso, vagas para deficientes, segurar a porta do elevador, ter paciência pela lentidão de marcha ou raciocínio, dentre outras atitudes de respeito para com o mais velho.

Através desse encontro, os alunos passaram a refletir sobre a possibilidade de mudanças quanto à percepção da velhice e do envelhecimento.

Toda a dinâmica foi supervisionada pela Fisioterapeuta Thais Costa – CREFITO3/146972