domingo, 29 de abril de 2012

O Ninho


Mais uma crônica do nosso Ilustríssimo hóspede Edmar Oliveira.

Na nossa vida, acontecem fatos curiosos, interessantes e prazerosos. Alguns nos põem a pensar na maravilha que é a grandeza da criação de Deus e a semelhança entre os homens e os demais seres.

Numa manhã de dezembro, a senhora que faz a limpeza aqui em casa, com um sorriso de alegria, me chamou para ver uma cena interessante; uma rolinha havia feito seu ninho na cestinha dos prendedores de roupa. A princípio demos risada pela curiosidade. Pegamos a cestinha que estava numa cantoneira e para nossa surpresa, verificamos que havia dois ovinhos branquinhos e pequenos lá dentro. A rolinha, acreditamos, deveria estar por perto acompanhando nossas ações. Minha primeira preocupação, foi  verificar se aquele ninho estava em lugar seguro, livre dos ataques de algum gato noturno.

Naquele momento, agi como um pai preocupado tentando proteger seus filhos das agressões do mundo externo. Não levei em consideração que a nossa rolinha, instintivamente, já havia providenciado o aspecto segurança. Por mais espertos que fossem os gatos, eles não teriam como chegar à cantoneira onde estava o ninho, sem se esborracharem no chão. Refleti e conclui que a proteção aos entes queridos é igual em todas as espécies.

Acompanhar a evolução daquele ninho, passou a ser meu passatempo predileto nas primeiras horas das manhãs. Admirava aquele pequeno pássaro chocando seus ovinhos com ternura e dedicação franciscana. Raramente se ausentava e todas às vezes que olhava pela janela, lá estava ela na sua pose elegante, como uma lady, a cuidar da sua futura cria.

O ninho passou a ser o local de visitação dos meus dois netinhos (Caíque e Thiago). Thiago ainda muito pequeno, começando a articular as primeiras palavras, limitava-se a apontar o dedinho para a rolinha e no seu vocabulário, dizia apenas “pa” e soltava gritinhos. Caíque, maior e muito esperto, queria saber de tudo e via-se claramente estampados no seu rostinho, o brilho de alegria dos seus olhos a contemplar a magia daquele momento. Talvez pensando na sua ingenuidade, que quando aqueles passarinhos nascessem, seriam mais uns amiguinhos ou um brinquedo para ele.

O tempo foi passando até que numa dessas manhãs, ao abrir a janela do meu quarto, vi a “mamãe” rolinha alimentando dois passarinhos. Eram pelados, feios e a exemplo de um bebê, como diria meu cunhado brincalhão: com cara de joelho. Confesso que nunca entendi bem o porquê dessa comparação,  mas sempre achei engraçada. Fiquei emocionado com aquela visão. Senti-me parte daquele momento, porque em nenhuma ocasião interferi na mudança do curso daquelas vidas. Confesso que algumas vezes me vi tentado a alimentar a mamãe, mas não o fiz. Respeitei a cadeia da vida e deixei que ela (pombinha) cuidasse disso. Ah! Os netinhos vibraram. Difícil foi explicar porque não podiam mexer nos filhotes.

O tempo foi passando e aqueles outrora peladinhos, foram emplumando. Sabia que mais dias menos dias, eles iriam embora. Aconteceu! Numa manhã ensolarada, abri a janela e o ninho estava vazio. Estava completado mais um ciclo da vida. Agora me restou à expectativa que na próxima primavera aquela cestinha venha a ser usada novamente por algum novo pássaro, fazendo a minha alegria e dos netinhos que, aliás, agora são três com a chegada da irmãzinha do Caíque, minha bonequinha com cara de chinesinha chamada Letícia.

Piracicaba, Maio de 2002

Um comentário:

  1. Showww... Lindoo Demais... ainda mais por eu ser uma mega adoradora de animais... ler isto me faz viajar e lembrar da minha infância, que morava em frente a uma praça e assisti de perto muitos destes espetáculos da natureza... Ahh... mas jamais teria tão doces palavras para descrever assim como vc consegue com tanta harmonia. E pra variar, não tem como né?! PARABÉNS Seu Edmar... Muitoo Linda esta crônica... quero mais, quero mais!! rssrsrsr Beijoo

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