quinta-feira, 5 de julho de 2012

A memória e o sono. Estudo americano sugere que mesmo um cochilo pode ajudar a impulsar a saúde do cérebro


Depois de um dia cheio e cansativo, nada como aquelas horinhas de sono para repor as energias e preparar o corpo para o dia seguinte. No entanto, nem sempre conseguimos cumprir todas as horas de sono que precisamos para garantir o perfeito funcionamento do corpo. E é aí que entra o problema. O sono é fundamental para o bom funcionamento do cérebro, pois ele ajuda a melhorar as funções cognitivas, capacidade e resolução de problemas e, principalmente, a memória. A boa notícia é que mesmo um cochilo no fim da tarde já pode fazer muito bem ao cérebro, segundo um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Dormir é fundamental para que o nosso corpo consiga funcionar bem. De acordo com o neurologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurologia (ABN) Oscar Bacelar, "o sono é uma função biológica que tem o objetivo de preparar e recuperar o corpo para o dia novo. Todas as informações vividas ao longo do dia serão consolidadas à noite, enquanto dormimos. Além disso, o sistema imunológico também precisa das horas de sono para se recompor. É nessa hora que os problemas internos são reparados para o outro dia. Por isso, pessoas que não dormem bem tendem a sofrer mais com esquecimentos e infecções do que pessoas que têm uma boa noite de sono".

A quantidade de sono necessária para a manutenção das nossas funções varia de pessoa para pessoa. "O nosso sono é dividido em ciclos. Em geral, dormimos entre quatro e cinco ciclos por noite, sendo que cada um dura uma média de 90 minutos. Cada ciclo é composto por quatro fases: as superficiais (1 e 2), sono profundo (3) e Rapid Eye Movement (REM ou Rápido Movimento dos Olhos). Todas as fases são muito importantes e cada uma tem sua peculiaridade, mas é na fase REM onde ocorre o total relaxamento muscular e as ondas elétricas cerebrais estão em maior atividade, favorecendo a fixação na memória dos acontecimentos do dia. É nessa fase que acontecem os sonhos. Pessoas que tomam calmantes tendem a ter uma supressão do sono REM. Ou seja, embora o medicamento ajude a adormecer, o sono é superficial a noite toda e o corpo não se recupera para o dia seguinte. É a pior coisa", diz Bacelar.

Embora o período mais importante para a memorização ocorra durante a fase REM do sono, muita coisa acontece nas fases menos profundas. Um estudo da Universidade de Harvard testou os efeitos de um simples cochilo de 45 minutos em estudantes universitários. Após fazer uma série de exercícios por 30 minutos, metade deles pode cochilar, enquanto a outra metade ficou acordada, mas em silêncio, descansando. Depois desse tempo, eles tiveram que refazer os exercícios. Embora os estudantes que dormiram não tenham atingido a fase REM, eles tiveram uma melhor performance na resolução das questões do que aqueles que se mantiveram acordados. Ou seja, o estudo prova que mesmo um simples cochilo pode nos ajudar a resolver problemas do dia-a-dia.

Embora a importância do sono seja de conhecimento geral, muitos ainda não dormem bem à noite. Oscar afirma que "esses estudos se replicam, demonstrando que o sono ajuda na resolução de problemas. A gente ainda não sabe exatamente o que cada fase representa na memória, mas sabemos que todas elas são fundamentais para esse processo. No entanto, metade dos brasileiros dorme mal, mas são poucos que investigam a causa e como resolver a questão. O maior perturbador do sono é a apneia, que atinge 20% da população, e muitas pessoas podem nem saber que a têm. As pessoas estão dormindo mal, dormindo pouco. Além de afetar a memória, uma noite mal dormida aumenta a probabilidade de ganho de peso e de infecções".



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