segunda-feira, 9 de julho de 2012

Empreendedorismo depois dos 50 cresce no Brasil, diz pesquisa.


Você é o seu chefe

"A sociedade pode se beneficiar de empreendedores de todas as faixas etárias. Num extremo as pessoas jovens têm ideias holísticas, perspectivas diferentes de observar o ambiente e formação diferente dos seus pais. No outro extremo as pessoas mais velhas possuem experiência, contatos e acumulam capital durante sua longa carreira" (GEM global 2010)".

Quando pensamos em novos empreendedores logo nos vem à cabeça jovens recém-formados com cerca de 30 anos de idade. Embora ainda a grande maioria de empreendedores esteja nessa faixa etária, a população de novos "chefes" com mais de 50 anos de idade tem crescido no Brasil e no mundo. De acordo com dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), 25,6% dos empreendedores brasileiros tinham entre 44 e 64 anos de idade em 2010, número que vem aumentando continuamente desde 2007.

Empreender nada mais é do que criar novos negócios. O GEM, coordenado pelo Babson College, nos Estados Unidos, e a London Business School, na Inglaterra, é o maior estudo contínuo sobre a dinâmica empreendedora no mundo, e já envolve 59 países. Na pesquisa, os dados sobre a atividade empreendedora são obtidos por meio de pesquisa quantitativa com uma população na faixa etária entre 18 e 64 anos. No Brasil, a Taxa de Empreendedorismo em Estágio Inicial (TEA) é a maior desde que entrou na pesquisa, em 1999. Entre os países do G20 que participaram da pesquisa, o Brasil é o que possui a maior TEA, seguido pela China e a Argentina.

Abrir seu próprio negócio após os 50 pode ser até mais vantajoso do que na juventude. De acordo com o consultor de empresas da Retorno Consultoria Michel Beltrão, "não só pelo conhecimento que a pessoa adquiriu durante a vida, a experiência conta muito também. Além disso, essas pessoas já possuem uma maior cultura geral, já sabem lidar melhor com clientes e também podem segurar melhor a onda dos riscos. Ser empresário é correr riscos, não tem jeito. É um processo de tentativa e erro. Se a pessoa pode continuar tentando, não tiver medo de correr riscos, dificilmente será um mau empresário".

Meter as caras, correr risco, continuar tentando e não parar nunca. É esse o pensamento da empresária aposentada Jacinta Rosa Okde, de 57 anos. "Durante todo o tempo de vida profissional ativa eu me preparei para continuar trabalhando. Não como uma necessidade vital, mas uma atividade prazerosa e que me trouxesse algum rendimento. Eu sempre afirmei que eu não me aposentaria, mudaria de atividade. Além de anos de experiência acumulada na empresa em que trabalhei, me formei em Direito há oito anos, justamente com o objetivo de me capacitar, pois isso me habilita e me dá  uma visão ampla e legal da atividade que exerço", conta.

Não é todo mundo que pode abrir uma empresa e ter sucesso. Para isso, tem que ter um mínimo de conhecimento da área e fazer como Jacinta: capacitar-se cada vez mais. Para Michel, "ter sucesso em um empreendimento não depende somente do nível de escolaridade, a pessoa precisa também conhecer o meio onde atua. Tem que saber contabilizar os lucros da empresa, tem que saber entender os riscos do mercado. É a cultura do business, que falta nos brasileiros. Uma empresa não é uma extensão da família, é um negócio. Tem que saber ouvir conselhos, saber a hora de mudar".

Embora tenha terminado agora a faculdade de Direito, Jacinta reconhece que precisa de mais para lidar com o seu negócio E uma coisa é certa: a coragem para tentar, sempre. "Como trabalhei e me aposentei numa grande empresa eu tenho a exata vivencia e sei lidar com balanços, faturamentos, contabilidade, fornecedores, prestadores de serviços e sei lidar também com o fator humano. Gosto do que faço. Gosto de lidar com construção, obras, pedreiros, plantas, projetos. São experiências acumulados ao longo do tempo que eu trouxe pra nova atividade", diz a empresária. E o conselho para futuros empreendedores? "Não se meta a fazer e nem a administrar o que não sabe, tem que conhecer bem o seu negócio".


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