quinta-feira, 23 de junho de 2011

Será que os seus pais devem deixar de dirigir o automóvel?

A prática da condução é uma atividade que não olha a idade, mas sim as capacidades físicas e psicológicas de cada condutor. Saiba se seus pais devem deixar de conduzir ou se essa é uma faculdade que ainda se mantém intacta.

A importância de uma condução segura
Para um motorista, independentemente da sua idade, a condução assume uma importância vital nas tarefas do dia-a-dia e é um dos elementos chave na sua independência e autonomia. No entanto, é chegado o momento em que é preciso observar se um condutor tem todas as capacidades necessárias para praticar uma condução segura, como no caso dos pais idosos que ainda conduzem.
Um acidente pode acontecer por qualquer motivo, mas deve ser sempre evitado e essa é a atitude mais sensata quando um idoso representa uma ameaça a si mesmo a outros.
Na prática a condução é segura quando:
·         Estão reunidas todas as condições (físicas e psicológicas) para a segurança do próprio condutor;
·         Existe uma preocupação com a segurança de todos os outros ítens que fazem parte do sistema rodoviário.
Se seus pais se encontram num estado em que não têm condições físicas ou psicológicas para conduzir, ou a sua ação pode colocar a segurança dos outros em perigo, eles devem pendurar as chaves do carro sem qualquer tipo de mágoa ou orgulho ferido, pois existem outras atividades interessantes que poderão realizar.

Avaliação das capacidades físicas e mentais
O médico da família é a pessoa com mais competência para dizer se uma determinada pessoa tem ou não condições para continuar a conduzir um automóvel. A medida que as pessoas vão envelhecendo, como no caso dos pais, elas sofrem de alterações físicas, funcionais e cognitivas que afetam as suas faculdades principais e podem comprometer a sua segurança e a dos outros. Dessa forma, cabe ao médico da família avaliar as capacidades físicas e mentais de um motorista para que a prática da condução seja sempre realizada com a máxima segurança.
Uma boa avaliação médica observa os seguintes aspetos:

·         A coordenação de movimentos
A coordenação de movimentos é uma das faculdades mais importantes na condução. Trata-se de uma prática complexa que requer a máxima atenção dos motoristas e exige a correta realização de várias funções corporais distintas. É, sem dúvida, um dos requisitos mínimos de segurança e deverá ser sempre avaliada no momento da renovação da habilitação.
·         A visão
A medida que uma pessoa vai envelhecendo, os seus sentidos vão ficando mais fracos, como é o caso da visão. As alterações que ocorrem na visão incluem a diminuição dos campos visuais (perda da visão lateral e da visão em profundidade), a pouca resistência e difícil recuperação ao encadeamento das luzes e a dificuldade em ver com pouca luz. É fundamental verificar se um motorista consegue ver e identificar todos os obstáculos que encontra na estrada ou rua, para que a sua condução seja a mais segura possível.
·         A audição
As alterações mais significativas da audição iniciam-se, por norma, a partir dos 40 anos e aumentam a partir dos 60. A falta de audição é um handicap no que diz respeito as mais variadas situações de trânsito, pois diminui a perceção dos padrões de tráfego e aumenta a insegurança da condução.
·         A função motora
Com o avançar da idade, é natural que exista uma diminuição da força muscular e da flexibilidade do corpo humano e isso poderá ser suficiente para impedir que alguém possa conduzir. Por exemplo, uma pessoa que sofre de artrite tem muitas dores que limitam a sua mobilização e, como tal, não deve conduzir sob qualquer circunstância.
·         As capacidades cognitivas
As capacidades cognitivas que são necessárias para a condução de veículos são: a memória, os reflexos, a perceção e processamento visual, visão espacial, atenção seletiva e a capacidade de analisar e decidir rapidamente. Se os seus pais não mantiverem estas faculdades preservadas, é sinal que já não tem capacidade nem discernimento para se manterem ao volante de um automóvel.
·         O comportamento ao volante
É necessário determinar se o comportamento ao volante está de acordo com a condição do idoso, isto é, se são respeitados os requisitos mínimos de segurança na estrada, se a distância de segurança é respeitada, assim como as regras de velocidade, entre outros.
Também é fundamental observar o histórico clínico do condutor e ver se existem doenças cardiovasculares, diabetes, doenças neurológicas, qualquer tipo de insuficiência renal, perturbações mentais e/ou consumo de álcool, drogas e medicamentos. Estes são aspetos muito importantes que influenciam e condicionam a condução de um veículo na estrada.

Algumas dicas para não deixar de conduzir
O fato de os seus pais serem idosos, não quer dizer que não possam conduzir, pois existem muitos idosos que conduzem e fazem-no muito bem. Para manter uma condução segura, existem determinadas práticas que um idoso deve seguir para manter as suas capacidades intactas.
São elas:
·         Jogar todo o tipo de jogos mentais, como as palavras cruzadas, o dominó e o xadrez para que a sua mente esteja sempre ativa e em funcionamento;
·         Realizar as mais diversas atividades físicas como andar a pé, dançar, entre outros;
·         Planeaar atetamente as suas viagens, assim como escolher o melhor itinerário. Deve escolher estradas conhecidas e realizar trajetos de curta duração;
·         Respeitar,  sempre, com os limites de velocidade e utilizar corretamente o cinto de segurança;
·         Manter uma distância mínima de segurança em relação ao veículo que segue a sua frente;
·         Utilizar sempre os piscas para mudar de direção e certificar-se se pode avançar antes de virar;
·         Evitar de conduzir a noite, com neblinas e chuvas;
·         Também não dirigir quando se sente cansado ou zangado, nem nunca deve comer, beber ou telefonar durante a condução;
·         Para que o seu veículo tenha sempre a melhor performance na estrada, é necessário que efetue uma revisão geral periodicamente.

Estas são algumas dicas que visam aumentar a segurança de um condutor idoso e é uma forma de atrasar que ele deixe de conduzir. Negoceie com os seus pais, pois eles são mais recetivos a negociações do que a uma ordem direta para deixar de conduzir.
Ao impedir um idoso de conduzir, o médico da família pode contribuir para o seu isolamento e depressão. Nesse sentido, é fundamental que o médico da família equilibre a independência e autonomia de um idoso com a sua segurança pessoal e pública. Por outro lado, deve manter a sua mobilidade, nível de atividade e qualidade de vida como idoso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário