sexta-feira, 3 de junho de 2011

Música pode ajudar a treinar o equilíbrio em idosos

Estudo aponta que é eficaz o treino do equilíbrio e da marcha de idosos ao ritmo da música


Uma pesquisa publicada no periódico de notícias sobre medicina Archives of Internal Medicine mostrou que um programa de atividade física para idosos baseado em ritmos musicais melhora a marcha, o equilíbrio e ainda reduz o risco de quedas.


Pesquisadores estudaram cerca de 130 idosos suíços com mais de 65 anos e algum grau de risco de queda definido pelo exame clínico ou por história pregressa de queda. Metade dos voluntários foi submetida a um programa de atividade física que consistia em sessões semanais de uma hora ao ritmo de improvisação ao piano com exercícios que promoviam ações cognitivas e de movimento simultâneas, com desafios do equilíbrio e manipulação de objetos como bolas e instrumentos musicais de percussão.
 

O programa tinha a duração de seis meses e, após esse período, os voluntários eram orientados a voltar às suas atividades habituais. Um segundo grupo de voluntários iniciava o mesmo programa após o encerramento das atividades do primeiro grupo. Ambos os grupos eram avaliados no início do estudo e após 6 e 12 meses. Os resultados revelaram que o programa promoveu a melhora do desempenho da marcha e do equilíbrio e ainda reduziu o risco de queda em 54%, efeitos que persistiram por seis meses após sua interrupção.
 

O treinamento utilizado no presente estudo também é conhecido por Eurritmia de Jacques-Dalcroze, método de educação rítmico-musical do corpo desenvolvido ainda no início do século 20 pelo músico suíço de mesmo nome e que é praticado em várias partes do mundo em atividades que vão da música, dança e teatro até terapia. Resultados um pouco mais modestos que os do presente estudo já foram descritos com a prática de Tai Chi e outros métodos que estimulam o equilíbrio. Entretanto, não é possível traçar comparações, pois as metodologias e populações estudadas foram bem distintas.
 

Queda da própria altura é um dos problemas mais sérios da medicina geriátrica. Aos 60 anos de idade, 85% dos idosos apresentam uma capacidade de caminhar normal e aos 80 anos apenas cerca de 20% caminham sem dificuldades. Além disso, anualmente, um terço dos idosos com mais de 65 anos sofrem uma queda e metade desses cai de forma recorrente, 30% das vezes levando a alguma injúria (lesão não intencional) e em 6% dos casos resultando em fratura. Com o crescente envelhecimento da população, esse é um problema que se torna cada dia mais sério.
 

A pesquisa chama a atenção para o fato de que qualquer leve melhora no desempenho cerebral e muscular de um idoso pode fazer a diferença na redução do seu risco de queda. O interessante da estratégia utilizada é que ela estimula funções motoras e cognitivas de forma integrada.

Vale lembrar que há boas evidências de que o uso de vitamina D em altas doses é capaz de aumentar a força muscular e o equilíbrio entre os idosos e reduzir em 20% o risco de quedas.


Dr. Ricardo Teixeira - CRM/DF 12050 - é Doutor em neurologia e pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp. Dirige o Instituto do Cérebro de Brasília.

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