quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Passos firmes


Como evitar quedas e os danos que elas provocam na saúde dos idosos

As estatísticas assustam: um em cada três idosos com mais de 65 anos caem, pelo menos, uma vez por ano, e metade dos idosos com mais de 85 anos sofrem tombos, no mínimo, uma vez por ano. Cerca de 5 a 10% das quedas não culminam em fratura. Porém, causam ferimentos graves, traumas cranianos, que podem levar à morte. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), os tombos representam a sexta causa de morte entre idosos.


As quedas não podem ser encaradas como normais, pois podem estar ligadas a debilidades do sistema músculo-ósteo-articular ou uso de medicamentos, por exemplo. Os tombos que provocam fraturas equivalem a 5%, dos quais 1% são fratura do fêmur, a mais grave. "Dentre aqueles que quebram o fêmur, a mortalidade no ano seguinte à fratura é de 15 a 20%. Em alguns estudos, a mortalidade chega a 50%. Isso se deve à síndrome da imobilidade, já que, sem se locomover, o idoso fica mais propenso à pneumonia, ferimentos na pele, trombose, depressão, falta de apetite e agravamento da osteoporose", explica o geriatra Salo Bucksman, da SBGG.

Principais causas 
Ao contrário do que se acredita, os principais fatores de risco estão mais relacionados à saúde do próprio idoso do que ao ambiente. Um deles é a prática reduzida de exercícios físicos, que gera uma atrofia muscular e, consequentemente, prejudica a estabilidade. A associação de doenças crônicas, segundo Bucksman, é outro fator que compromete o equilíbrio do indivíduo, por debilitar o sistema músculo-osteo-articular. A descompensação da diabetes, por exemplo, pode levar à queda.
"Paralelamente, o idoso sofre também deficiências sensoriais. A audição e a visão ficam debilitadas, sobretudo a visão, que impede de ele enxergar onde está pisando", completa o geriatra. É importante que o indivíduo verifique também os pés, porque calosidade, joanetes e micoses podem contribuir para um tombo.

O que poucos sabem é que alguns medicamentos também estão relacionados aos acidentes. Saulo lembra que drogas psicoativas, como soníferos, ansiolíticos e antidepressivos, podem favorecer quedas devido à sedação do indivíduo. Remédios para pressão alta também podem causar tonteiras quando o indivíduo se levanta, após passar um longo tempo sentado ou deitado.

O fator de risco menos significativo é o ambiental. Estudos mostram que os idosos caem mais dentro de casa do que na rua, embora as vias públicas sejam irregulares e mal iluminadas, na maioria dos casos. No ambiente doméstico, o banheiro e o quarto são os espaços mais perigosos. A falta de barras de apoio e o piso escorregadio costumam levar os idosos ao chão no banheiro. Já no quarto, os maiores problemas são a falta de iluminação e o apinhamento de móveis. "O idoso fica sem espaço para se locomover, desviando dos móveis. Fora os tapetes soltos, fios e pufes que atrapalham", aponta Salo.

Prevenção
O geriatra alerta que uma queda não pode ser encarada como natural, mas sim como um sinal de alerta. Por isso, o melhor a fazer é procurar um médico para investigar a causa do acidente. No entanto, alguns cuidados diários podem evitar esse transtorno. A prática regular de exercícios
físicos é um deles, sobretudo musculação e atividades que estimulem o equilíbrio e a flexibilidade, como o alongamento.

Uma análise criteriosa da medicação do paciente, por parte de um geriatra, também é importante. De acordo com Salo, muitas vezes o indivíduo toma dois remédios com ação similar. Cabe ao geriatra gerenciar isso e reduzir ao mínimo possível as drogas, principalmente se esses medicamentos forem psicoativos ou para pressão alta.

Avaliações rotineiras oftalmológicas, dos pés e do estado nutricional também devem fazer parte da lista de tarefas dos idosos.
Em casa, é importante uma iluminação adequada dia e noite, piso antiderrapante e barras de apoio. O ideal é substituir o chinelo por um sapato com sola emborrachada e baixa, para evitar escorregões.


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