quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O sexo e a menopausa


Alguns sintomas do fim das regras ainda são tabus para grande parte da ala feminina

As desconfortáveis ondas de calor, as noites mal-dormidas, o humor instável. Especialmente quando a mulher se encontra na faixa dos 50 anos de idade, associa esses sintomas à temida menopausa – e podem até usá-los como desculpa para determinados comportamentos. No entanto, existem ainda alguns sinais mais discretos e constrangedores, relativos à parte sexual feminina, que elas evitam comentar até com seus médicos.

Infelizmente, alguns sintomas ligados ao fim das regras ainda são tabus para boa parte da ala feminina quando o assunto é sexo.

A menopausa não é um fenômeno que acontece por acaso. De acordo com o ginecologista e membro da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) Eliano Pellini, "a menopausa ocorre porque a mulher esgota a sua capacidade de reprodução e a natureza não tem mais nenhum interesse de que elas mantenham uma vida sexual. Por isso, ressecamento vaginal, perda da libido, infecções urinárias, flacidez da musculatura vaginal e queda dos órgãos internos são condições comuns após esse período. Mas a sociedade trabalha a ideia de que a mulher deve manter-se sexualmente ativa e muitas pretendem manter uma vida sexual saudável".

O desconforto com a sexualidade e com o sexo nem sempre é identificado como um sintoma da menopausa. "Na mulher contemporânea, a vida sexual é comum e é necessário que elas tenham um comportamento sexual ativo. Da mesma maneira que elas estão em uma fase de importantes mudanças em suas vidas, os homens experienciam uma necessidade de afirmação de sua sexualidade. Enquanto eles querem transar com as suas parceiras, elas sentem desconforto. O casal acaba entrando em descompasso e ele vai em busca de outras parceiras. A perda de interesse, no entanto, é normal pela própria estrutura biológica da mulher. Se ela não pode mais ter filhos, não há mais sentido em se ter relação sexual", explica Eliano.

Como é possível, então, explicar que mulheres de 60, 70 anos ainda consigam ter uma vida sexual ativa e prazerosa? Para o ginecologista, "as mulheres precisam de motivo para fazer sexo. Se elas desejarem e se sentirem desejadas pelo seu parceiro, existem saídas que as ajudam a manterem sua vida sexual prazerosa. Se ela estiver sentindo dor, não vai se interessar em transar. Embora existam no mercado diversos remédios para tratamento das disfunções sexuais masculinas, o mercado não está tão evoluído quando a questão é o tratamento das mulheres. Hoje, entende-se que a reposição hormonal é muito boa. Ela melhora a lubrificação, a elasticidade, todo o sistema de fortalecimento dos órgãos internos e ainda consegue evitar cistite, infecções urinárias e prolapsos".

Embora ainda existam muitas polêmicas em torno da reposição hormonal para mulheres na menopausa, Eliano afasta o medo. "Se iniciada no momento adequado, a terapia de reposição hormonal não apresenta riscos. No entanto, a reposição tem limites característicos da própria terapia. A mulher precisa emagrecer, fazer atividade física e de apoio emocional, mas o hormônio ajuda apenas anatomicamente, sem afetar o lado emocional e afetivo. A mulher que vê a vida sexual como uma coisa prazerosa e necessária para a manutenção do casal, vai sentir-se motivada a tratar das disfunções sexuais desse período. Quanto à parte afetiva, ela depende do parceiro para estimulá-la. O hormônio apenas gera a receptividade, não melhora a libido", conclui.


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