segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O desafio de lidar com a morte


Vamos dar uma pausa para refletir um pouco sobre a morte?

Quantos de nós já perdemos aquele paciente querido que remetia nossas lembranças a infância, as imagens dos nossos próprios avós?
Quando li esse texto de Andreas Kruse, diretor do Instituto de Gerontologia da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, publicado na revista Mente e Cérebro, nº 21, achei interessante trazer para vocês.
Andreas escreve:
Durante dez anos realizei um estudo para tentar responder como homens e mulheres se preparam para o fim da sua vida. Os pacientes analisados haviam recebido alta do hospital, por não serem mais passíveis de tratamento, e estavam sob os cuidados de seu médico de família e com serviço hospitalar móvel (home care). Entre essas pessoas é possível identificar cinco tipos de atitudes:
1. Aceitação da morte e aproveitamento das possibilidades que a vida ainda oferece, sem busca por grandes novidades;
2. Descoberta de novos sentidos da vida e tarefas a serem superadas;
3. Resignação e profunda amargura;
4. Negação da ameaça;
5. Depressão e desejo de morte o mais breve possível (mesmo que a pessoa não enfrente dor física).

A pesquisa mostrou que quanto mais o paciente aceita a proximidade da morte de forma consciente e corajosa, mais valoriza e cultiva uma relação aberta e de confiança com os profissionais que cuidam dele. Para a equipe médica, acompanhar uma pessoa que em breve vai morrer é um enorme desafio.
Em vez de buscar curar e restaurar a saúde, ao tratar de um paciente terminal a prioridade de ser proporcionar conforto. Acompanhar um paciente terminal significa, principalmente, suportar estar ao seu lado.

Complementando o texto acima, em seu livro Mais Platão Menos ProzacLou Marinoff faz algumas considerações sobre a Morte. Espero que as citações abaixo possam contribuir para uma reflexão sobre esse tema que está tão presente no nosso trabalho diário. Para os que gostam, fica a dica da leitura.

¨Todo velho sabe que morrerá em breve, mas o que significa saber nesse caso? ... A verdade da questão é que a idéia da aproximação da morte está errada. A morte não está próxima nem distante ... Não é correto falar de uma relação com a morte: o fato é que o velho, como qualquer outro homem, tem uma relação com a vida e com nada mais¨  Simone de Beauvoir

¨No ocidente sempre ficamos chocados com a morte … A capacidade de se afastar da realidade da morte é um luxo moderno. Não faz muito tempo, a morte ocupava um lugar na vida comum … Os pais não esperavam que toda sua prole chegasse a idade adulta … A morte era lugar comum, esperada, palpável. Hoje, a morte de uma pessoa querida ou a perspectiva de nossa própria morte, tornam-se um fardo insustentável porque não estamos preparados¨.

¨Quando pessoas que conhecemos morrem, universos inteiros morrem com elas. Nós que ficamos não nos entristecemos por elas, mas por nós mesmos. Essas pessoas eram parte integrante de nossa existência … Amávamos e éramos amados por elas; de repente, sentimos menos amor e somos menos amados¨.

¨A história é passado; não se pode alterá-la. O futuro é incerto; não se pode contar com ele. O que se tem como certo é o presente. Goste de estar vivo neste exato momento, e lastimará menos quando se esgotarem os seus momentos¨.


Por: Ana Paula Mendes

Nenhum comentário:

Postar um comentário