sábado, 1 de dezembro de 2012

Idosos felizes


Envelhecimento traz tranquilidade, afirma estudo.

Quanto mais velho, mais tranquilo. Um estudo realizado na Universidade de Sydney, Austrália, concluiu que as pessoas encaram a vida de forma mais leve à medida que envelhecem e passam por emoções negativas. O resultado, segundo os pesquisadores, derruba a crença de que o funcionamento do cérebro se reduz com a idade. 

A pesquisa foi realizada com 242 pessoas, homens e mulheres entre 12 e 79 anos. Durante o estudo, eles foram submetidos a exames de ressonância magnética e tiveram a atividade elétrica do cérebro monitorada enquanto eram expostos a imagens de expressões faciais com diferentes emoções. Ao se deparar com as imagens, os jovens tiveram mais facilidade para identificar as expressões de medo, e sentiram dificuldade em reconhecer a alegria. E os mais velhos demonstraram ter mais controle sobre as respostas do cérebro a emoções negativas do que os mais jovens. 

Para o pesquisador Leanne Williams, que chefiou o estudo no Brain Dynamics Centre, do Westmead Millennium Institute em Sydney, os resultados trazem novas evidências de que o bem-estar emocional aumenta ao longo do tempo. 

Em uma outra direção, a psicanalista Glória Castilho, coordenadora da área de Psicologia do Núcleo de Atenção aos Idosos da Unati/Uerj, é preciso considerar outras questões antes de concluir que a terceira idade seja a fase mais suave da vida, a partir unicamente de exames que monitorem o funcionamento cerebral.  "Como extrair apenas de dados sobre o funcionamento cerebral, uma noção tão dinâmica como a de bem-estar atrelada ao processo de envelhecimento e culminando em uma faixa etária?", questiona.

Segundo a psicanalista, bem estar e mal estar atravessam a existência. Há, entretanto, eventos ao longo da vida que favorecem certo mal estar, certa desestabilização. Por exemplo, para alguns adolescentes a entrada na puberdade para algumas mulheres o período puerperal e para outros ainda, a entrada na Terceira Idade pode implicar em dificuldades. 

Glória ressalta que a experiência clínica indica a importância de que o idoso possa situar-se em relação às inúmeras perdas que o envelhecimento o confronta: perdas de seus próximos amados, perdas com relação aos ideais de sua juventude, perdas de laços sociais, enumera. 

Cada uma destas dimensões de perda requer algum trabalho psíquico, de luto, até para que em um segundo momento novos laços possam ser estabelecidos, permitindo ao idoso uma maior fruição da vida. Além disso, a psicanálise não perde jamais a perspectiva da singularidade, ou seja, a trajetória de um idoso nem sempre cabe na categoria geral "o idoso". 

Vale, contudo, lembrar que, convidado por um jornalista a dirigir algum conselho aos jovens, o dramaturgo Nelson Rodrigues respondeu sem hesitar: Jovens, envelheçam....


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