quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Sexualidade e Maturidade


Muitas pessoas desistem de uma saudável vida amorosa, quando chegam à maturidade.

Ora, assim como com os frutos, é quando estariam mais prontos: no ponto exato. Conhecem os mecanismos essenciais de seu "soma", podendo passar dados essenciais ao seu prazer a um novo cúmplice amoroso. Se a parceria é antiga, os filhos, se havidos, estão crescidos, os bens em geral, já adquiridos, os gostos mútuos bem conhecidos: pode-se relaxar. Até porque o mito dos esperados Príncipe e Princesa encantados a despertar pelas forças do amor, já se diluíram. Maduros sabem que se ama "APESAR DE".
Amar "PORQUE" é muito fácil...

Muitos sentem-se "passados". Meu avô retrucava sempre que mencionavam sua idade avançada: " Velho, não " Moço usado". Pois é ,usado, mas querido. Usado, mas não acabado... E por que não, desejado?

A mídia pressiona direta ou subliminarmente para que o padrão de beleza vigente seja uma escravatura... A pele apergaminha-se, a lei da gravidade faz-se sentir... mas e daí? Só se será amado se viçoso? As cirurgias plásticas são feitas repetitivamente. Um paciente me confessou: "Não a reconheço. Em presença dela, tenho saudades da pessoa com quem me casei. Por que ela não podia ter ruguinhas semelhantes à minha?" E, baixando a cabeça, chorou. Falava da companheira de quarenta anos de casados... Tudo bem uma esticadinha aqui, uma lipoaspiração ali... Comedidamente, pode ajudar... mas viver em função da beleza decretada é, no mínimo, uma limitação à liberdade de ser...

A baixa autoestima, leva ao desespero. Haja musculação, dieta, consumismo, pinturas... E pensar que há uma inequívoca beleza na maturidade e na velhice... São outros padrões. Estar lúcidos, inteiros, uma bênção...

A Ciência diz que as pessoas, muito em breve, graças às tecnologias, vacinas, alimentação balanceada, exercícios, serão muito mais longevas... Então, aceitar a passagem dos anos, torna-se, cada vez mais, necessário.

O grande erro, na verdade, é a mania de se pensar que sexualidade é apenas genitalidade. Há muitas formas de amar, de encontrar encantamento no carinho e não renunciar a ele... Quantos homens se estressam trocando a parceria conjugal por amantes a quem não amam, mas desejam? Chegam ao ridículo ou ao esgotamento tentando agradar criaturinhas que deles só querem tirar proveito... Então não poderá uma pessoa de mais idade, ser amado ou desejado? Claro que sim. Amor existe e é sempre incondicional. Mas a maioria das situações é forjada, pouco natural...

Mulheres também procuram rapazinhos muito potentes, em busca do êxtase sexual, que pode sim, ser obtido, mas depois, sentem-se sozinhas, incompletas... Onde o interesse genuíno. A não ser que haja a amorosidade verdadeira...

O fazer amor é uma atividade lúdica. Deve ser espontânea. Os adolescentes não são capazes de grandes prazeres antes de chegarem às vias de fato? Por que as pessoas maduras não procuram divertir-se umas com as outras? E depois se amar como quem saboreia um fruto maduro de conhecido sabor?

Sociólogos perguntaram-se porque os habitantes de uma aldeota perdida nos Andes, longevos, tinham relações sexuais normais até ao fim da vida. Ora, eles simplesmente não sabiam que "não deviam". Longe da "mass media", ninguém os ridicularizara pelo saudável desejo sexual. E transavam até à morte, serenos e meros... Que maravilhosa lição...

O que se perde com o medo das críticas, é justamente aquilo que falta a quem se torna grisalho, mais lento ou enrugado: acarinhar-se. Com é bom aconchegar-se, como é sadio o beijo, como revigora um abraço, como saber-se desejado é uma sinalização de bem-estar!

Por causa de medicações para doenças, como hipertensão arterial, Diabetes, Depressão, muitos homens sofrem de Disfunção erétil, o novo nome para impotência sexual. Reparem que palavra ameaçadora: impotência, sem poder... E a generalização para as outras faces da vida produtiva, acontece num instante. Ora, a vida sexual permite muitas formas de obtenção do prazer. Casais harmônicos são bastante criativos ou serenos para resolverem quaisquer dificuldades, digamos, "operativas"...

A vida é uma grande brincadeira, embora cheia de regras. Mas para o AMOR, não há regra que não possa ser trocada, omitida, recriada, quando o objetivo é a felicidade...



Por Clevane Pessoa - Psicóloga

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