sexta-feira, 29 de março de 2013

O alcoolismo na Terceira Idade


O alcoolismo sempre foi um problema difícil de ser enfrentado em  todas as fases, mas pesquisas revelam que na terceira idade as dificuldades se tornam ainda maiores.
Para piorar, a dependência da bebida também vem aumentando nessa população.

De acordo com a ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas), as dificuldades nessa faixa etária começam no diagnóstico. Isso porque os sintomas do alcoolismo podem ser confundidos com outras doenças da idade, como demência, depressão e até a solidão, o que faz com que os médicos e a família demorem mais a detectá-los.

Entre as causas do problema, está a aposentadoria, apontada nos estudos como um fator que empurra os idosos para as doses a mais. Foi assim com Luís Rodrigues. Ele conta que não conseguia ficar em casa quando se aposentou. Passou a brigar muito com a mulher e a se sentir sozinho. Para arrumar o que fazer, começou a frequentar o bar. “Eu bebia e me sentia mais calmo”, conta o aposentado.
Quando percebeu, Luís estava deixando a família, os filhos e os amigos mais antigos para ficar com aqueles que o acompanhavam nos botecos. “Eu pensava que a bebida não me atrapalhava, que quem estava errado não era eu e sim os outros”, conta Luís. “O pior do alcoolismo é que vamos do estado de euforia para a depressão e não percebemos que estamos doentes.”

Segundo Larriany Giglio, psiquiatra da Clínica Novo Mundo, os idosos são mais vulneráveis à bebida, pois o metabolismo é mais lento e o fígado, órgão responsável por processar o álcool, sofre uma redução com o passar dos anos. “Os idosos apresentam riscos maiores dos efeitos adversos, mesmo em doses relativamente baixas. Isso pode causar a conhecida hepatite alcoólica e a temida cirrose”, afirma a médica.

Omar Jaluul, geriatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, chama atenção para o fato de os idosos, geralmente, tomarem remédios. “Misturar álcool com medicamentos é muito perigoso em qualquer idade e muito mais na avançada. Os riscos de depressão, hipertensão e perda de memória se tornam muito maiores.”
Omar também diz que o idoso tende a ficar embriagado mais rapidamente, mesmo ao ingerir doses pequenas. “E eles bebem de forma muito rápida, sempre sozinhos, perdem o apetite e ficam muito mais irritados”, conta o especialista.

O especialista explica que o alcoolismo pode ser uma herança familiar mas, no caso dos mais velhos, a principal causa é, sem dúvida, de fundo psicológico. “O álcool funciona como tranquilizador para medos, ansiedades e frustrações”, afirma Omar. “Por isso, a abordagem psicológica e a terapia ocupacional são muito eficientes no tratamento. E, de todas as ajudas, o apoio da família é a mais importante.”

A família também precisa de ajuda
Além do alcoólatra, a família toda sofre e precisa de ajuda para  entender o que se passa com o dependente e aprender a lidar com a situação.  Para isso, foi criado o Grupo de Familiares AL-ANON (Grupo de Familiares dos Alcoólicos Anônimos). Funciona como o AA (Alcoólicos Anônimos), mas com reuniões entre pais, filhos,  cônjuges, namorados e amigos próximos do viciado.

Marisa Lopez, mulher de Luís Rodrigues, advogada, mãe de  três filhos adultos, é uma das frequentadoras do  AL-ANON. “Meu marido nunca foi agressivo, mas ele sumia, bebia muito e não admitia que estava doente. Dizia que era normal, sem perceber que aquilo estava afetando a nossa vida”, conta ela. “Por duas vezes, ele saiu de casa e foi morar com um amigo. Da última, há dez anos, desapareceu por dez dias. Quando o encontramos, ele estava péssimo. Eu e um dos nossos filhos o levamos para uma clínica. Foi lá que ele passou a frequentar as reuniões do AA e também me falaram do AL-ANON.”

Os grupos têm o acompanhamento de profissionais da área da saúde e de voluntários. Marisa, depois de uma década ali, compartilha sua história com as famílias que vão chegando, na esperança de ajudá-las. “Posso mostrar a elas que o meu marido se recuperou”, conta.

O AL–ANON e o AA são associações sem fins lucrativos e podem ser frequentadas sem custo. As reuniões acontecem em todo o Brasil e você pode ver o endereço mais próximo no  site: http://alcoolicosanonimos.org.br




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