Os
pequenos prazeres que preservam a mente ativa
É
possível tornar a mente mais ágil e forte à medida que o cérebro envelhece? Ou
será que declínios cognitivos como as falhas de memória, o declínio de
atenção e a baixa velocidade de processamento da informação são inevitáveis. No
embate de ideias, há quem defenda que é possível repor e compensar as perdas
decorrentes do envelhecimento. Na outra ponta, estão os especialistas que
sugerem cautela nas expectativas. O consenso existe. Pelo menos num ponto as
duas linhas concordam: é possível manter a saúde mental por um longo
tempo.
Um
bom exemplo de otimismo nas alturas é Elkhonon
Goldberg, autor do livro O
Paradoxo da Sabedoria e professor de Neurologia da Faculdade de
Medicina de Nova Iorque, cujas ideias circulam mundo afora. Investigador na
área da neurociência cognitiva, Goldberg defende que, apesar de certas perdas
cognitivas, é possível manter a saúde mental, driblando os desafios que o
envelhecimento traz. Segundo ele, estudos clínicos recentes apresentam uma nova
abordagem em relação ao cérebro e seu funcionamento e revelam que a mente pode
sim continuar ágil.
Para
o neurologista e membro do Departamento de Neurologia Cognitiva e do
Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Charles Andre, o
mais sensato é que haja um equilíbrio entre o a saúde do cérebro e suas perdas.
“Com o passar do tempo, todas as partes do corpo vão sofrendo os efeitos da
idade. Perdemos massa muscular, a visão fica pior, os reflexos diminuem, e com
o cérebro não é diferente. Essas perdas fazem parte do processo natural de
envelhecimento. Porém, um declínio cognitivo significativo como a demência,
isso sim não é normal”, opina ele.
Atualmente,
uma das doenças neurodegenerativas mais comuns entre a população idosa é o mal
de Alzheimer. Segundo a Alzheimer’s Drug Discovery Foundation (ADDF), entidade
pública de pesquisa sobre a doença, 18 milhões de casos têm sido relatados em
todo o mundo hoje.
Em
2025, o número de casos deverá quase dobrar, chegando a 34 milhões. Para o
geriatra e fundador da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), Norton
Sayeg, nem todo declínio é sinal da doença. Por isso, o diagnóstico correto é o
primeiro e mais importante passo para o tratamento.
“Manter
a saúde mental é manter o organismo livre de doenças, pois muitas delas alteram
o desempenho intelectual do paciente, como a depressão, por exemplo. Um dos
sintomas da depressão é a perda de memória, o que muitos acabam confundindo com
o Alzheimer. Além disso, medicamentos calmantes conhecidos como hipnóticos,
afetam diretamente a memória. Remédios para a pressão mal controlados e anemias
também pode acarretar em perdas cognitivas. Ao diagnosticar o Alzheimer é
preciso excluir uma série de possibilidades para se chegar numa resposta
correta”, explica o geriatra.
Diante
das controvérsias, há pelo menos um consenso animador. É possível, sim,
retardar os danos e manter a saúde mental. E a garantia é o cuidado que cada um
terá ao longo da vida tanto com o corpo quanto em exercitar a mente.
“Qualquer coisa que seja interessante e prazeroso é sempre muito bom, principalmente para o cérebro. Se você gosta de idiomas, aprenda todas as línguas. Isso representará uma sanidade que você pode ir mantendo.
Atividades
sociais também são importantes, pois envolvem desafios cognitivos, como por
exemplo, escolher uma roupa para se apresentar para o grupo, conversar sobre
diversos temas com os amigos. Além disso, atividades físicas, em especial, as
que ocorrem em grupo, fazem muito bem à mente”, finaliza o neurologista Charles
Andre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário