Vamos
dar uma pausa para refletir um pouco sobre a morte?
Quantos
de nós já perdemos aquele paciente querido que remetia nossas lembranças a
infância, as imagens dos nossos próprios avós?
Quando
li esse texto de Andreas Kruse,
diretor do Instituto de Gerontologia da Universidade
de Heidelberg, na Alemanha, publicado na revista Mente e Cérebro, nº 21, achei interessante trazer para vocês.
Andreas
escreve:
Durante
dez anos realizei um estudo para tentar responder como homens e mulheres se
preparam para o fim da sua vida. Os pacientes analisados haviam recebido alta
do hospital, por não serem mais passíveis de tratamento, e estavam sob os
cuidados de seu médico de família e com serviço hospitalar móvel (home care).
Entre essas pessoas é possível identificar cinco tipos de atitudes:
1.
Aceitação da morte e aproveitamento das possibilidades que a vida ainda
oferece, sem busca por grandes novidades;
2.
Descoberta de novos sentidos da vida e tarefas a serem superadas;
3.
Resignação e profunda amargura;
4.
Negação da ameaça;
5.
Depressão e desejo de morte o mais breve possível (mesmo que a pessoa não
enfrente dor física).
A
pesquisa mostrou que quanto mais o paciente aceita a proximidade da morte de
forma consciente e corajosa, mais valoriza e cultiva uma relação aberta e de
confiança com os profissionais que cuidam dele. Para a equipe médica,
acompanhar uma pessoa que em breve vai morrer é um enorme desafio.
Em
vez de buscar curar e restaurar a saúde, ao tratar de um paciente terminal a
prioridade de ser proporcionar conforto. Acompanhar um paciente terminal
significa, principalmente, suportar estar ao seu lado.
Complementando
o texto acima, em seu livro Mais
Platão Menos Prozac, Lou
Marinoff faz algumas considerações sobre a Morte. Espero que as
citações abaixo possam contribuir para uma reflexão sobre esse tema que está
tão presente no nosso trabalho diário. Para os que gostam, fica a dica da
leitura.
¨Todo
velho sabe que morrerá em breve, mas o que significa saber nesse caso? ... A
verdade da questão é que a idéia da aproximação da morte está errada. A morte
não está próxima nem distante ... Não é correto falar de uma relação com a
morte: o fato é que o velho, como qualquer outro homem, tem uma relação com a
vida e com nada mais¨ Simone de Beauvoir
¨No
ocidente sempre ficamos chocados com a morte … A capacidade de se afastar da
realidade da morte é um luxo moderno. Não faz muito tempo, a morte ocupava um
lugar na vida comum … Os pais não esperavam que toda sua prole chegasse a idade
adulta … A morte era lugar comum, esperada, palpável. Hoje, a morte de uma
pessoa querida ou a perspectiva de nossa própria morte, tornam-se um fardo
insustentável porque não estamos preparados¨.
¨Quando
pessoas que conhecemos morrem, universos inteiros morrem com elas. Nós que
ficamos não nos entristecemos por elas, mas por nós mesmos. Essas pessoas eram
parte integrante de nossa existência … Amávamos e éramos amados por elas; de
repente, sentimos menos amor e somos menos amados¨.
¨A
história é passado; não se pode alterá-la. O futuro é incerto; não se pode
contar com ele. O que se tem como certo é o presente. Goste de estar vivo neste
exato momento, e lastimará menos quando se esgotarem os seus momentos¨.
Por: Ana Paula Mendes
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