Com
o aumento significativo da população idosa, que em dez anos pode chegar a 1
bilhão, torna-se cada vez mais necessário investir na capacitação das pessoas que lidam com o público da
terceira idade.
Por
esse motivo e com o avanço de doenças que afetam a população, principalmente
com mais de 60 anos, a profissão de cuidador de idoso está sendo regulamentada.
O projeto de lei já foi aprovado pelo Senado e está para ser aprovado pela
Câmara.
A
Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), realiza há
mais de dez anos, o curso de cuidadores na doença de Alzheimer e idosos
dependentes. As aulas são ministradas por profissionais de diversas áreas e são
direcionadas para familiares, pessoas que já cuidam de idosos, profissionais da
área de saúde e para quem tem interesse em saber como lidar com as mudanças que
ocorrem com o idoso.
Para
Eliana Faria, uma das organizadoras do curso,
a especialização para quem atua ou pretende investir neste segmento tornou-se
fundamental.
“Com
a falta de tempo da família que trabalha e não tem como cuidar dos idosos, além do avanço de doenças
como o Alzheimer, no Brasil e no mundo, havia a necessidade de que a população
idosa fosse ‘cuidada’. Muitas vezes, as pessoas que trabalhavam como domésticas
passaram a exercer esse papel, mas sem o conhecimento adequado. Um cuidador não
precisa ser técnico de enfermagem, e o técnico deverá fazer o curso de
cuidador, já que tem uma visão bem humanística do que é cuidar”, diz ela.
De
acordo com Eliana, as pessoas se tornam cuidadoras por dom ou por obrigação.
Muitas vezes, cuidar do idoso acaba sendo imposto, o que pode tornar o processo
ainda mais difícil, principalmente se não há conhecimento e orientação.
A
assistente comercial Flávia Alves lembra como foi difícil quando sua mãe, Maria
Juliana, começou a apresentar os primeiros sintomas de Alzheimer. Flávia entrou
no curso da Abraz para conhecer melhor a doença e saber como lidar melhor em
algumas situações. Hoje, ela também conta com duas cuidadoras formais, já que
não é aconselhável que o familiar dedique todo o tempo ao cuidado com o idoso
por conta do desgaste físico e emocional.
“No
começo foi complicado, muito estressante. Com o curso ficou mais fácil e eu
pude ter contato com pessoas que passaram pela mesma experiência”, conta.
Regina
Célia é cuidadora de idosos há dez anos e desde 2011 cuida de Maria Juliana.
Regina conta que o começo foi complicado, mas hoje as duas se dão muito bem. A
cuidadora acompanha Maria Juliana todos os dias da semana e é companheira para
tudo, principalmente na hora dos jogos, fundamentais para estimular o cérebro.
“Eu
gosto dessa profissão, principalmente pelo amor que se deve oferecer. Os idosos
voltam a ser crianças e precisam de atenção”, diz a cuidadora.
Ao
contratar um cuidador é fundamental verificar se há qualificação para a função
e, principalmente, buscar referências. Para o aposentado Clemente Augusto, 75
anos, que cuida de sua esposa e participa da Abraz, é essencial ter paciência e
dedicação. Augusto reforça que, ao se tornar cuidador, a pessoa também passa a
ser um voluntário que oferece carinho sem pensar no que vai receber em troca.
“Se
não tiver conhecimento, a pessoa vai sofrer muito mais. Por isso, é bom compartilhar
e se orientar. É fundamental ter tolerância, amor e, principalmente,
consciência de que o idoso não vem com manual de instruções”, brinca.
Via O Fluminense
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