Os benefícios da
interação social e do círculo de amigos e parentes na meia idade
O seu vizinho é
um mala, seu marido está sempre reclamando e os filhos, volta e meia, te deixam
de cabelo em pé. A vida em sociedade nem sempre é fácil, mas é a partir dela
que construímos a nossa personalidade e os nossos valores. Poucas pessoas
conseguem fazer essa relação ou valorizam o quanto essas relações significam,
embora elas sejam importantíssimas, inclusive para a manutenção da nossa saúde
física e mental. Entenda os benefícios da interação social e descubra como
tirar proveito até nas situações mais complicadas.
Buscar um grupo para fazer parte e interagir faz parte do instinto do ser humano. De acordo com o psicanalista Paulo César Ribeiro, "uma das características do ser humano é o seu instinto gregário. E isso é ótimo, foi assim que a humanidade conseguiu sobreviver. A vida em sociedade permite o amplo aprendizado, consigo próprio e com os outros, sobre as melhores formas de expressar e exercitar o que nos interessa, respeitando a tipicidade do grupo e a sua cultura. Precisamos do outro para saber se crescemos, o outro é que nos informa, direta ou indiretamente, a nossa própria evolução e adequação social".
Se olharmos para trás, não conseguiremos contar a quantas relações sociais tivemos ao longo da vida. Para a psicanalista e doutora em Comunicação e Semiótica Fani Hisgail, "como o bem supremo que é, a vida acontece naturalmente em sociedade e é importante que a pessoa tenha convívio social. Ter 50 anos hoje ainda é estar na metade da vida. Ainda tem muita estrada pela frente e é preciso viver em grupo. Só assim, é possível definir a sua identidade e lidar com questões complexas, como vida, morte e envelhecimento. Conviver é fundamental".
Além da observação indireta de crescimento pessoal, a vida sociedade ainda pode trazer grandes benefícios para a nossa saúde, principalmente depois dos 50. Paulo César comprova isso com base científica. "Há estudos que mostram que pessoas mais idosas com um amplo círculo de amigos tinham 22% menos chance de morrer do que os indivíduos com poucos amigos. Em Harvard, outra pesquisa indicou que os bons laços de amizade mantêm a saúde cerebral durante o envelhecimento. Outra pesquisa, também com pessoas acima dos 50, mostrou que a memória dos socialmente ativos era melhor do que entre os mais solitários", mostra.
A família, os vizinhos e colegas de trabalho são partes fundamentais da nossa vida social, mas nenhuma delas tem tanto valor quanto a amizade. Fani diz não acreditar que "as pessoas conheçam o real significado de uma amizade. Os seres humanos ainda não evoluíram o suficiente para pensar no que é a amizade. Esse é o estágio de relação social mais difícil de atingir na vida. 'Amigos se contam nos dedos', já diziam. A amizade é essencial em todas as fases da vida e pessoas que chegaram à maturidade sem amigos de verdade devem prestar muita atenção, pois alguma coisa há de errado".
Paulo César
destaca ainda que "a sensação de proteção que a amizade nos proporciona,
nos dá força em recuperações. Os sentimentos positivos derivados de uma boa
vida social elevam, também, a resposta imunológica, tornando as pessoas mais
resistentes. Esses são apenas alguns exemplos de tantas consequências positivas
que a vida social causa num indivíduo. Estejam os amigos próximos fisicamente
ou não, a importância de manter essas relações é muito grande – embora aquele
que se encontre mais próximo tenha mais influência no seu bem-estar".
Para você entender melhor o bem que a família e os amigos fazem, o psicanalista Paulo César Ribeiro preparou uma lista com quatro dicas simples e bem práticas:
Manter contato com as pessoas pelo menos seis horas por dia. Parece
muito?
A dedicação e o
interesse pelo outro serão pedras fundamentais para que se aproveite ao máximo
as suas relações sociais. Esse contato aumenta a sensação de bem-estar e
diminui as preocupações e o estresse isso pode ser conseguido com um bate-papo
no café, almoço com os colegas do trabalho, conversas ao telefone, enviar
e-mails e torpedos etc.
Absorver a positividade dos seus amigos.
Devemos dar preferência
aos amigos que mantenham uma "positividade" das interações. Os amigos
têm o grande poder de mudar nossas percepções, especialmente quando estamos
“pra baixo”. Pode-se também aproveitar a rede de relacionamento e formar grupos
de melhoria da saúde: grupo de atividade física, de controle da obesidade, etc.
Especificamente para o lazer, podemos pensar nos grupos de dança e os de
viagens.
Aceitar e valorizar a si mesmo.
Com o
envelhecimento, podemos nos afastar dos nossos amigos e das pessoas com quem
antes convivíamos. Isso pode ocorrer com mulheres e com homens, porém é mais
frequente com elas. Isso decorre das variações hormonais e de mudanças no
estado de humor das pessoas: depressão, apatia, etc. bem como da autoestima de
cada um. Quanto mais a mulher se valoriza e se aceita, menos se afastará dos
seus amigos.
Olhar para dentro de si.
Muitas relações,
inclusive as com familiares próximos, podem ser fonte de muito estresse e
desgaste emocional. Nesses casos, ao invés de serem positivas para a nossa
saúde, essas relações podem até prejudicá-la. Sempre recomendo o “olhar pra
dentro”. Temos que nos descobrir e ter um bom autoconhecimento para sabermos
separar as nossas fantasias da realidade. Se uma pessoa consegue realizar essa
distinção, estará sempre equilibrada, em todos os sentidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário