O
que você precisa comer para não esquecer
Falhas
na memória são preocupações constantes na vida da população madura. O medo de
doenças e a sensação de que o cérebro está, aos poucos, perdendo sua antiga
vitalidade e funcionalidade costuma assustar muita gente. Antes de verificar as
causas neurológicas dos eventuais “brancos”, olhar bem para o que se tem dentro
do prato. Alguns nutrientes presentes em certos alimentos podem impedir o
decréscimo das funções cerebrais conforme envelhecemos e, assim, evitar falhas
da memória.
A primeira coisa que precisa ficar esclarecida é que alimento não é remédio, é paliativo. Segundo Rafael Claro, nutricionista e pesquisador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade de São Paulo (USP), “a relação entre alimentação e saúde é longitudinal. Para obter os benefícios, tem que ter um padrão alimentar saudável por um período razoável de vida. Acompanhar a alimentação durante o ciclo de vida de cerca de 70 anos de um indivíduo é muito difícil para determinar se os alimentos realmente beneficiam o cérebro. No entanto, estudos com ratos, que têm sistemas de neurotransmissores semelhantes aos humanos, demonstraram resultados satisfatórios”.
Algumas substâncias que fazem parte da formação do tecido cerebral podem ser encontradas com muita facilidade nos alimentos que ingerimos diariamente. “A acetilcolina (ou simplesmente ‘colina’), por exemplo, que participa da composição do sistema neurológico dos homens, é encontrada no ovo. Alguns pesquisadores sugerem que a participação da colina na memória ainda diminui os riscos de desenvolvimento do Alzheimer. Peixes de água fria como atum, salmão e sardinha são ricos em ômega 3, nutriente que, além de ser bom para a memória, transmite vitalidade, diminui danos cardíacos e melhora um quadro de saúde, de forma geral. Outro nutriente, a fisetina, já foi testado em laboratório com ratos e o grupo que recebeu maiores doses da substância na alimentação reconheceu brinquedos apresentados anteriormente três vezes mais rápido que o grupo que não a recebeu. Ela é encontrada na maçã, morango, kiwi, tomate”, enumera Rafael.
E não são somente esses. Alimentos antioxidantes, de forma geral, também trazem benefícios para as funções cerebrais, inclusive a memória. “O principal mecanismo de perda da memória é a exposição do cérebro aos radicais livres. Selênio e vitamina E são antioxidantes encontrados nas frutas e oleaginosas, como castanhas e nozes. As vitaminas do complexo B auxiliam na transmissão dos impulsos através dos neurônios no cérebro. Elas são encontradas nos grãos integrais, leguminosas, leite e seus derivados”, diz o nutricionista.
Bolos, biscoitos, refrigerantes, massas. Alimentos muito processados como estes, possuem poucos nutrientes e são carentes em colina, ômega 3 e outros elementos importantes para a memória. “De forma geral, a ideia é que as substâncias que supostamente fazem bem estejam presentes em alimentos com pouco nível de processamento. Por isso, é mais indicado consumir produtos ‘in natura’ e pouco processados como frutas, verduras, legumes e grãos do que aqueles industrializados, como biscoitos, massas, refrigerantes”, diz Rafael
Alimentação saudável deve ser estimulada desde a infância e quanto mais cedo, maiores serão os benefícios. Mas nunca é tarde para começar a comer bem. Para Rafael, “quanto antes começar com um padrão de alimentação saudável e atividade física, maior o efeito de proteção. Mas antes tarde do que nunca. Para potencializar os benefícios, o ingresso precoce de um cardápio saudável pode ser importante antes que o processo se instale. Mas, uma vez que o cérebro já apresenta déficits, dificilmente essas falhas são revertidas”.
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