A
medicina moderna recomenda uma ingestão de cálcio muito maior do que realmente
é necessária, possivelmente uma quantidade que pode ser fatal. Médicos,
nutricionistas, laboratórios farmacêuticos, empresas de alimentação, a mídia
escrita e falada, todos insistem na tecla de que você precisa de muito cálcio
para ter ossos saudáveis e prevenir a osteoporose.
Este
é um conceito errado – a osteoporose não é causada só por falta de cálcio. E
logicamente a maneira de se prevenir a osteoporose não é se entupir de comprimidos
de cálcio ou de alimentos fortificados com este mineral.
O que a ciência diz.
Na
verdade, a suplementação de cálcio intensifica o risco de ataque cardíaco: um
estudo novíssimo, publicado em junho de 2012 na revista científica Heart
(Coração), mostra que em pessoas que receberam cálcio exclusivamente através de
suplementos, o risco de ataque cardíaco triplicou. Em outro estudo, uma equipe
de pesquisadores da Universidade de Zurique, analisou quase 24.000 homens e
mulheres. Os que usaram suplementos de cálcio regularmente eram 86% mais
propensos a ter um ataque cardíaco do que aqueles que não o fizeram. Se um
ataque cardíaco já é ruim o suficiente, veja isto: uma meta-análise, publicada
em 2010 pelo British Medical Journal, avaliou 11 estudos sobre os efeitos da
suplementação de cálcio, e a conclusão foi que quem tomava comprimidos de
cálcio era mais propenso a ter mais de um enfarte.
Nem todo cálcio é igual.
É
importante notar o tipo de cálcio que os suplementos contem – a grande maioria
é de carbonato de cálcio, um tipo que é pobremente absorvido pelo sistema
digestivo e pelos ossos, e acaba indo parar onde não deve, como por exemplo,
nas juntas (bursite, artrite), nos órgãos formando cálculos (rins, vesícula),
nos tecidos (nódulos calcificados em mama e dutos salivares), e nos vasos
sanguíneos (se depositam nas artérias, endurecendo o sistema circulatório, e
reduzem o seu calibre, o que aumenta a chance de um enfarte).
O
cálcio que ocorre naturalmente nos alimentos é benéfico, diferentemente dos alimentos
fortificados com o mineral, como leite, produtos de soja e sucos, pois é o
mesmo carbonato de cálcio que a indústria utiliza. As melhores formas de cálcio
suplementar são o citrato de cálcio e o cálcio quelado com aminoácidos, como a
glicina.
E os ossos, o que precisam para ser fortes e
para que a osteoporose não se instale?
Vitamina D
O
nutriente número um no quesito massa óssea é a vitamina D, que na realidade é
um hormônio. É ela que direciona quanto cálcio seus ossos vão armazenar. A
deficiência crônica de vitamina D pode levar a ossos finos, porosos e
quebradiços, sinônimo de osteoporose. O nível ótimo de vitamina D evita a perda
óssea, reduz o risco de fraturas, e reduz a ocorrência de dores por
enfraquecimento ósseo – uma condição conhecida como osteomalacia.
A
melhor fonte de vitamina D é o sol, pelo menos 15 minutos de exposição solar
sem uso de fotoprotetores ajuda a alavancar o nível sanguíneo. Mas mesmo
morando em um país tropical, passamos a maior parte do tempo do lado de dentro,
olhando o sol pela janela, ou vamos à praia lambuzados de protetor solar, o que
atrapalha a ação dos raios UV na conversão de um derivado de colesterol em
vitamina D. Os alimentos fornecem pouca vitamina D, e eles incluem peixes
gordos, como salmão, cavala, atum e sardinha, ovos, carne e queijo. Temos
também leites e cereais fortificados com este nutriente vital.
Os
últimos estudos mostram que há uma necessidade diária maior do que se
acreditava e a dose recomendada diária de 400 UI mereceu um upgrade
considerável, com dose diária indicada entre 2.000 e 5.000 UI. Antes de tomar
suplementos, é importante fazer um exame de sangue para dosar o seu nível de
vitamina D (o nome do exame é 25-OH-D), e os planos de saúde cobrem.
Vitamina K
É
preciso muita energia para produzir osso. As células ósseas usam um hormônio
chamado osteocalcina, que ordena aos osteoblastos para produzir osso novo e aos
osteoclastos para eliminar o osso antigo, num processo de renovação e
fortalecimento ósseo.
A
vitamina K ajuda a regular a osteocalcina, a produtora de osso. Um estudo
publicado na revista especializada Bone (Osso) em 2011 constatou que a ingestão
elevada de vitamina K significa maior densidade mineral do osso, e menor perda
óssea com o envelhecimento. Os autores descreveram que a vitamina K deu às
pessoas “ossos com qualidade superior”.
No
entanto a forma a ser tomada faz diferença. Folhas verdes fornecem a vitamina
tipo K1, mas esta não é a forma que o corpo usa para construir ossos, esse
trabalho recai sob o controle da vitamina tipo K2. A ciência diz que a
osteocalcina passa por um processo chamado de carboxilação, onde ela se fixa
nas células ósseas para ajudar a criar o novo tecido ósseo. Quando os níveis de
vitamina K2 estão baixos, a osteocalcina não pode colar-se ao osso velho e
criar mais osso novo. Existem alimentos que você pode comer para obter K2.
Enquanto
a vitamina K1 é de origem vegetal, a K2 é de origem animal. As melhores fontes
são gemas de ovos, leite cru e miúdos ou vísceras, o que muitos evitam por medo
de elevar o colesterol ou por falta de hábito e paladar. Também existe um
feijão de soja fermentado, com um cheiro bastante intenso, o natto, e nós
ocidentais não temos estomago para saborear esta iguaria prá lá de exótica.
Conclusão:
provavelmente seu estoque de K2 deve estar meio baixo, o que é muito ruim para
os seus ossos. A única opção restante é suplementar, ou seja, tomar vitamina K2
em cápsulas. Este nutriente deve ser manipulado.
Os
estudos tem mostrado uma dose diária indicada de 45 a 90 microgramas.
Hormônios para ossos duros de roer.
Diversos
nutrientes são importantes para a saúde óssea, como os citados acima (vitaminas
D3 e K2), e também minerais como o cálcio, magnésio, boro, molibdênio,
manganês, zinco, que devem vir formulados na dose adequada para cada pessoa,
dependendo do sexo, idade, nível de atividade física, composição corporal e
outros detalhes. Mas o segredo para a construção de ossos reside nos seus
hormônios. Eles controlam a quantidade de cálcio que gruda em seus ossos. Não
adianta tomar todo o cálcio do mundo se os hormônios certos não estão
funcionando.
E
eles são muitos: a osteocalcina já citada acima, e mais estrogênio,
progesterona, dihidroepiandrosterona, mas a medalha de campeão vai para a
testosterona, tanto para os homens como para as mulheres. É importante fazer
uma avaliação criteriosa e ver como andam os seus níveis hormonais – se for o
caso, deve-se proceder à reposição com hormônios bioidênticos. Esqueça os
hormônios sintéticos, eles não têm o poder de ajudar os seus ossos.
Fitoterápicos
A
testosterona é crucial para a massa e resistência óssea. A quantidade que você
produz e fica disponível para o osso, diminui com a idade, resultando em
diminuição na resistência óssea, redução dos níveis de cálcio no osso e aumento
do risco de fratura. No entanto, enquanto o nível de testosterona total é
importante, apenas cerca de 2% da testosterona é livre para atuar no seu corpo.
O
restante (98%) está ligado a uma proteína chamada SHBG (proteína ligadora de
hormônios sexuais), tornando-se inativa. Então, mais importante que
simplesmente aumentar o nível de testosterona total, é reduzir o SHBG, caso
esteja elevado. Existe um fitoterápico que pode ajudar. A urtica dioica se liga
ao SHBG, deixando assim a testosterona livre para atuar na reparação e
reconstrução do osso.
Outro
fitoterápico muito interessante no quesito osso é o cissus quadrangularis, com
ação anabólica e androgênica. Além de acelerar o processo de remodelação do
osso, o cissus também leva a um aumento na resistência à tração, construindo um
osso mais forte. Ambos podem ser manipulados em doses adequadas a cada caso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário